“Antes que o Mundo Acabe” da gaúcha Ana Luiza Azevedo é quase um conto de fadas ambientado no interior do Rio Grande do Sul atual. Narra o encontro entre um garoto em crise amorosa e o pai que nunca conhecera. Para justificar o fato de que a comunicação entre eles só acontece por meio do correio, esse pai foi colocado de cama num convento da Tailândia, onde se recupera de malária. Por sua vez, o companheiro da mãe com quem vive nem procura assumir o papel de pai e prefere o de cozinheiro da família, limitando-se a apenas observar os acontecimentos.
Contando com um dedo de Jorge Furtado, que estreou em longa falando também sobre adolescentes (“Houve uma Vez Dois Verões”, 2002), o roteiro de “Antes que o Mundo Acabe” é fluente e engenhoso, ainda que um tanto forçado. Nessa correspondência com o pai, por exemplo, o herói aprende o significado da palavra “poliandria”, apenas para concluir que não deseja participar de uma experiência nesse sentido: para seu desespero, sua namorada começa a se envolver concretamente com o melhor amigo dele e lhe propõe uma relação a três. Isso o leva a fincar pé em suas posições e a se esforçar para fazer prevalecer os princípios em que a acredita.
As questões aí envolvidas são importantes: os primeiros afetos; a diferenciação entre a amizade e o amor; a busca de uma identidade própria e de valores e serem seguidos; o posicionamento pessoal dentro dos novos arranjos familiares. O conflito mais forte, porém, se localiza no interior do personagem e tem a ver com aquilo que o teórico Tzvetan Todorov chamava de “presença insignificante” em confronto com a “ausência significante”. Ou seja, a mãe e novo marido dela podem até se mostrar amigos e solidários, mas o que deflagra no garoto uma decisiva tomada de consciência a respeito dele mesmo − inclusive do ponto de vista ideológico e vocacional − é o relacionamento com o pai longínquo e inacessível, com o qual ele só se relaciona pelo correio.
O mercado atual vem se ressentindo de produções brasileiras capazes de arrancar a mocidade dos videogames e computadores e atraí-la para as salas de cinema. Filmes em que adolescentes funcionam simultaneamente como tema e público-alvo. Afinal, essa faixa etária representa uma valiosa fatia do público, como outras franquias americanas de sucesso, além de “Crepúsculo” (“Harry Potter” e “High School Musical”, por exemplo), podem comprovar. Em função dessa onda, em 2010 chegam ao mercado praticamente juntos, separados por poucas semanas, quatro longas importantes − “Os Famosos e os Duendes da Morte” (Esmir Filho),“Sonhos Roubados” (Sandra Werneck) e “As Melhores coisas do Mundo” (Laís Bodanzky. Para as próximas semanas, aguarda-se "Desenrola", de Rosane Svertman e vários outros. Mas esta é a semana de "Antes que o Mundo Acabe".
Contando com um dedo de Jorge Furtado, que estreou em longa falando também sobre adolescentes (“Houve uma Vez Dois Verões”, 2002), o roteiro de “Antes que o Mundo Acabe” é fluente e engenhoso, ainda que um tanto forçado. Nessa correspondência com o pai, por exemplo, o herói aprende o significado da palavra “poliandria”, apenas para concluir que não deseja participar de uma experiência nesse sentido: para seu desespero, sua namorada começa a se envolver concretamente com o melhor amigo dele e lhe propõe uma relação a três. Isso o leva a fincar pé em suas posições e a se esforçar para fazer prevalecer os princípios em que a acredita.
As questões aí envolvidas são importantes: os primeiros afetos; a diferenciação entre a amizade e o amor; a busca de uma identidade própria e de valores e serem seguidos; o posicionamento pessoal dentro dos novos arranjos familiares. O conflito mais forte, porém, se localiza no interior do personagem e tem a ver com aquilo que o teórico Tzvetan Todorov chamava de “presença insignificante” em confronto com a “ausência significante”. Ou seja, a mãe e novo marido dela podem até se mostrar amigos e solidários, mas o que deflagra no garoto uma decisiva tomada de consciência a respeito dele mesmo − inclusive do ponto de vista ideológico e vocacional − é o relacionamento com o pai longínquo e inacessível, com o qual ele só se relaciona pelo correio.
O mercado atual vem se ressentindo de produções brasileiras capazes de arrancar a mocidade dos videogames e computadores e atraí-la para as salas de cinema. Filmes em que adolescentes funcionam simultaneamente como tema e público-alvo. Afinal, essa faixa etária representa uma valiosa fatia do público, como outras franquias americanas de sucesso, além de “Crepúsculo” (“Harry Potter” e “High School Musical”, por exemplo), podem comprovar. Em função dessa onda, em 2010 chegam ao mercado praticamente juntos, separados por poucas semanas, quatro longas importantes − “Os Famosos e os Duendes da Morte” (Esmir Filho),“Sonhos Roubados” (Sandra Werneck) e “As Melhores coisas do Mundo” (Laís Bodanzky. Para as próximas semanas, aguarda-se "Desenrola", de Rosane Svertman e vários outros. Mas esta é a semana de "Antes que o Mundo Acabe".
ANTES QUE O MUNDO ACABE
Brasil - 2009 – 102 min. - 10 anos
estreia 20 08 2010
Gênero Aventura / adolescentes
Distribuição: Imagem Filmes
Direção Ana Luiza Azevedo
Com Pedro Tergolina, Eduardo Cardoso e Caroline Guedes
COTAÇÃO
* * *
B O M
Brasil - 2009 – 102 min. - 10 anos
estreia 20 08 2010
Gênero Aventura / adolescentes
Distribuição: Imagem Filmes
Direção Ana Luiza Azevedo
Com Pedro Tergolina, Eduardo Cardoso e Caroline Guedes
COTAÇÃO
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B O M
Um comentário:
Engraçado, pela primeira vez eu posso dizer que vi um filme antes de ti. Esse filme estreou em Porto Alegre a bastante tempo. Assisti em uma sessão comentada, com a diretora, o Marcelo Carneiro e o Jorge Furtado. Muito bom mesmo!
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