Aos 71 anos, Marco Bellochio é aquele mesmo que, nos anos 1960, inspirava a onda da contra cultura com “De Punhos Cerrados”, citado pela nouvelle vague e pelo cinema marginal brasileiro. Depois de passar algum tempo em sanatórios, voltou com força à carreira, ganhando um urso de prata em Berlim (1991) com “A Condenação”. Nesta semana estréia “Vincere”, seu último trabalho, com o qual inclusive concorreu à Palma de Ouro em Cannes: uma obra no mínimo deslumbrante, do ponto de vista dramático e visual.
Ela mostra a ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, narrada do ponto de vista de sua primeira mulher e financiadora Ida Dalser, encarnada de modo comovente por Giovana Mezzogiorno, cujo rosto nos remete à "madonas" da pintura renascentista. Pelo filme vemos que o ditador iniciou a carreira como líder socialista e, depois, traiu os seus ideais em nome do poder. Porém, a protagonista é Ida, que insiste em ter seu filho reconhecido pelo Duce e, exatamente por isso, passou 11 anos de sua vida em manicômios.
A chave do roteiro é justamente essa: ela não era louca, mas por sua vez o país inteiro perdera a razão, na trilha de seu líder megalomaníaco e desequilibrado. Este aparece interpretado por Filippo Timi e também em pessoa, nos trechos de documentários que se misturam de modo especialmente harmônico com a ficção. A maestria de Bellochio na direção de atores se evidencia no trabalho de Timi, que parece um bicho feroz na pele de Mussolini e um rapaz gentil quando interpreta o filho que ele teve com Ida Dalser. Na verdade "Vincere" é uma experiência que concilia na mesma narrativa uma vertente intimista e outra épica, com massas em movimento, muito claro-escuro, e uma trilha sonora substantiva e quase operística. Propositalmente, para contrastar com Mussolini, a personagem não tem conflitos internos e segue até o fim fiel a seus princípios.
Ela mostra a ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, narrada do ponto de vista de sua primeira mulher e financiadora Ida Dalser, encarnada de modo comovente por Giovana Mezzogiorno, cujo rosto nos remete à "madonas" da pintura renascentista. Pelo filme vemos que o ditador iniciou a carreira como líder socialista e, depois, traiu os seus ideais em nome do poder. Porém, a protagonista é Ida, que insiste em ter seu filho reconhecido pelo Duce e, exatamente por isso, passou 11 anos de sua vida em manicômios.
A chave do roteiro é justamente essa: ela não era louca, mas por sua vez o país inteiro perdera a razão, na trilha de seu líder megalomaníaco e desequilibrado. Este aparece interpretado por Filippo Timi e também em pessoa, nos trechos de documentários que se misturam de modo especialmente harmônico com a ficção. A maestria de Bellochio na direção de atores se evidencia no trabalho de Timi, que parece um bicho feroz na pele de Mussolini e um rapaz gentil quando interpreta o filho que ele teve com Ida Dalser. Na verdade "Vincere" é uma experiência que concilia na mesma narrativa uma vertente intimista e outra épica, com massas em movimento, muito claro-escuro, e uma trilha sonora substantiva e quase operística. Propositalmente, para contrastar com Mussolini, a personagem não tem conflitos internos e segue até o fim fiel a seus princípios.
VINCERE
Vincere
estreia 23 07 2010
gênero docudrama / história / política
Itália/França , 128min, 35mm, 2009. (16 anos)
Distribuição Imovision
Direção de Marco Bellochio
Com Giovana Mezogiorno, Filippo Timi e Pier Giorgio Bellochio
C O T A Ç Ã O
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Ó T I M O
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