“Almas à Venda” talvez possa ser classificada como uma comédia de ficção científica, porque gira em torno de uma máquina capaz de extrair a alma da pessoa. Depois de separada do corpo, ela pode ser armazenada e até comercializada, ou... roubada. No filme, uma atriz sem talento se apodera da alma de um grande ator de teatro e consegue um papel numa novela de TV. Evidentemente esta é uma trama alegórica, que acaba funcionando como ironia feroz contra todas as teorias que visam corporificar a criação artística, passando ao largo de seu caráter intangível e da sua imponderabilidade. O que a torna ainda mais interessante é que a roteirista e diretora, Sophie Barthes dá a essa história absurda e improvável um tratamento naturalista. Tanto que o tal grande ator que tem a alma roubada é ninguém menos que Paul Giamatti, interpretando ele mesmo e ampliando assim a estranheza do filme. A cineasta é uma francesa de trinta e quatro anos radicada em Nova York que reconhece a admiração pelo teatro de Gogol e Ionesco e pelo surrealismo de Buñuel. E confessa ter sonhado com essa idéia depois de ter lido O Homem Moderno em Busca de uma Alma, de Jung. Parte da ação se passa na Rússia porque é lá que vai parar a alma surrupiada de Paul Giamatti que, aliás, consegue a difícil façanha de se superar, trabalhando como o poeta fingidor de Fernando Pessoa. Ou seja, fingindo tão completamente, que finge ser verdadeiro o homem que realmente é.
ALMAS À VENDA
Cold Souls
EUA/ França - 2009 – 101 min. - 10 anos
estreia 09 julho e 2010
gênero: comédia / fantasia
Distribuição: Europa Filmes
Direção de Sophie Barthes
Com Paul Giamatti, Emily Watson e David Strathairn
COTAÇÃO
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Ó T I M O
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