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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

"Vidas Partidas" discute o preocupante tema da violência doméstica


Naura Schneider interpreta uma mulher vítima de violência doméstica.

A violência doméstica é um dos temas atualmente mais preocupantes na sociedade brasileira. Talvez para se conectar com a origem da Lei Maria da Penha, o filme é ambientado em Recife no começo dos anos de 1980. Naquela época, o país acompanhava os lances dramáticos do assassinato de Angela Diniz e o julgamento do marido, bem como os episódios da série de TV “Quem Ama não Mata”, com Marilia Pera e Claudio Marzo. Uma das várias qualidades do filme "Vidas Partidas" é colaborar para uma melhor compreensão daqueles acontecimentos.
Domingos Montagner e a gaúcha Naura Schneider– que também é a produtora do filme – interpretam o casal de protagonistas. Os dois são professores universitários, aparentemente apaixonados um pelo outro. Aliás, o filme se inicia com uma tórrida sequência de amor, para que o público se convença da alta temperatura com que aquela paixão se manifesta. Nessa cena, a propósito, já é possível notar alguns indícios de uma futura complicação emocional. Aos poucos, o ciúme do marido vai crescendo e a violência ocupa o seu lugar no enredo.

Determinados comentários sobre a história adotam uma ótica econômico-financeira para abordar essa transformação. A frustração do marido desempregado em face ao sucesso profissional da esposa explicaria a mudança em seu comportamento. Essa linha de análise, entretanto, não se sustenta, porque o personagem de Montagner se torna ainda mais agressivo depois que ele volta a lecionar numa faculdade.


A cada 12 segundos, 1 mulher é violentada no Brasil.
O número 180 é destinado à denúncia desses casos.

Como o cineasta Guel Arraes faz parte da equipe de produção, “Vidas Partidas” se favorece dos bons exemplos do cinema pernambucano. A câmara se esmera em descrever de perto a gradativa evolução emocional do agressor, enquanto mostra que – à sua maneira doentia – ele ama sinceramente a mulher e as filhas. Em outras palavras, neste filme o trabalho da direção valoriza muito o resultado final do projeto.

O diretor Marcos Schechtman é um dos pilares da televisão brasileira que, embora muita gente nem desconfie, não se resume à produção da TV Globo. Na década de 1980, Schechtman foi um dos responsáveis pela consolidação da dramaturgia da TV Manchete. No final dos anos de 1990, ele passou a dirigir sucessos da TV Globo, como “Caminho das Índias” e “O Clone”. Toda essa experiência transparece na qualidade de “Vidas Partidas”, que é o 1º filme de sua carreira. Repare na maneira como o gestual do protagonista vai indicando as suas transformações, por meio apenas das imagens e da eloquente interpretação de Domingos Montagner. 

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