Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

terça-feira, 6 de setembro de 2016

De "Nanook" a "Francofonia" o documentário é marcado pela flexibilidade de sua feitura


"Um Homem com uma Câmera", documentário do soviético Dziga Vertov

Um dos elementos mais fascinantes do cinema documentário é a infindável flexibilidade que caracteriza a sua feitura. Dentro desse gênero se enquadra uma grande variedade de estilos, pontos de vista e linhas de trabalho. Tudo começou nos anos de 1920, quando a situação política mostrou a necessidade de atribuir uma carga maior de informação e de propostas éticas e ideológicas para os filmes que se produziam. Por diversos motivos, tanto a União Soviética e a Alemanha de Hitler quanto os países de governos liberais e democráticos sentiram a necessidade aproximar o cinema ao mundo do conhecimento. 
Nos Estados Unidos, geógrafos e exploradores como Robert Flaherty deram inicio a estudos e projetos que resultaram no primeiro filme de longa metragem enquadrado naquele novo gênero. Este foi batizado de documentário pelo inglês John Grierson, num artigo que ele publicou no jornal New York Sun. E o filme foi “Nanook o Esquimó” feito em 1922 – uma peça de antropologia visual, descrevendo o modo de vida dos habitantes do polo. 

Com a proximidade da 2ª Guerra, a Inglaterra decidiu criar um organismo público destinado a ampliar as noções de cidadania por meio do cinema. John Grierson foi chamado para comandar um projeto voltado para o que ele chamava de “tratamento criativo das atualidades” – sendo que o termo atualidades queria dizer o que no Brasil de chamava de “cine-jornal”. Em outras palavras, tratava-se de transmitir informação de um modo criativo, ou seja, com o apoio da música, de uma fotografia artística, de um texto atraente e de uma montagem que trouxesse dinamismo às imagens.

E assim criou-se uma equipe de comunicadores da qual fazia parte o brasileiro Alberto Cavalcanti. Na União Soviética manifestou-se uma tradição liderada por Dziga Vertov, como mais tarde, na França, tivemos a colaboração de Jean Rouch. E agora chegamos ao ápice dessa evolução, com o trabalho do russo Aleksander Sokurov, que já mostrou o seu talento para esse tipo de filme, que ele sempre integrou à ficção. Depois do magnifico documentário “A Arca Russa” que ele fez em 2002 sobre o Museu Hermitage em São Petersburg, ele lança agora uma obra prima sobre o Louvre, tal como foi ocupado pelos nazistas na 2ª Guerra, chamada “Francofonia”. Inclusive com a presença do próprio Napoleão como visitante.

Mas é possível acrescentar ficção aos documentários? Sim, é possível incluir até animação porque, segundo os teóricos, o que caracteriza os filmes desse gênero é o fato de emitir asserções, ou seja, conceitos dados e afirmações, sobre o mundo real. E não apenas construir um universo paralelo por meio da ficção. 



Cena do filme "Francofonia", dirigido por Sokurov

Nenhum comentário: