Por coincidência, a distribuidora Versátil especializada em clássicos lança quase ao mesmo tempo um dos filmes mais engraçados dos anos 1970 junto com um dos dramas mais sérios e pungentes da história do cinema. Com o velho ícone do humor francês, Louis de Funès, "As Loucas Aventuras de Rabbi Jacob" é apresentado em versão restaurada e remasterizada. No caminho do casamento da filha, um homem repleto de preconceitos se encontra no meio de uma conspiração terrorista.
Para fugir de seus perseguidores, assume a identidade de um rabino americano, que é esperado num encontro de judeus em Paris. Assim se inicia uma série de trapalhadas e impagáveis confusões, terminando com uma mensagem de tolerância. Em 1974, esse filme permaneceu meses em cartaz em São Paulo e toca em temas que também insistem em ocupar as primeiras páginas dos jornais: o terrorismo e a briga entre israelense e palestinos, no meio da qual o presidente Obama acaba de meter a colher. Volta e meia aparece no cinema uma comédia usando essa matéria prima, como o recente "Santa Paciência", de produção inglesa.
Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro, "Umberto D" é uma obra prima sobre o abandono social na velhice, fruto da parceria entre o mestre Vittorio De Sica e o roteirista Cesare Zavattini, a dupla responsável por monumentos do neo-realismo italiano, como "Ladrões de Bicicleta" e "Milagre em Milão". No início dos anos 1950, enquanto a economia italiana renascia, os idosos padeciam em função das miseráveis pensões pagas pelo governo. Um funcionário público aposentado é despejado por não conseguir pagar o aluguel de seu quarto. Em companhia de seu único amigo, um cachorrinho, o idoso Umberto vaga pelas ruas, com o único objetivo de sobreviver. Essa história é dolorosamente atual, principalmente aqui, onde a Previdência Social oferece segurança e dignidade somente para quem fez carreira como alto funcionário público.
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Um comentário:
Assisti Rabi Jacob em 1976, no cine Pathé de BH. Que sorte ter um pai que me levava a (bons) cinemas.
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