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segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Inversão" de Edu Felistoque: equilibrado em termos de defeitos e qualidades

Em “Inversão”, o título do filme contém a essência da sua proposta, ou seja, os elementos do enredo acabam se invertendo ao longo da narrativa, aparentemente simples, de um empresário que é seqüestrado por uma quadrilha formada por pessoas que trabalhavam com ele. Há até uma cena que parece uma citação ou uma homenagem ao célebre curta “Palíndromo” (2001) de Phillipe Barcinski em que uma história é narrada em mão dupla, de frente para trás e vice versa. Há uma impressão de amadorismo que perpassa o filme inteiro, principalmente por causa de opção de filmar o tempo todo sem tripé, com a câmara sempre trepidando e procurando o ângulo em qualquer tomada. Nesse ponto há um exagero, que acaba causando certo desconforto visual, principalmente para quem assiste à projeção situado um pouco mais próximo da tela. A repetição exaustiva desse recurso acaba por desgastá-lo no próprio decorrer do filme e anular qualquer efeito que pudesse obter.
Mas há idéias bem interessantes na concepção do filme, como a tonalidade monocromática separando as cenas do crime, da sua investigação e dos flash-backs. É também curioso o hiper-realismo na composição de alguns personagens, contrastando com o artificialismo de outros. Exemplo disso é a truculência dos policiais em contraponto com a loira e bela delegada, que parece ter saído diretamente de um seriado americano e que, lá pelas tantas, resolve também entrar de cabeça na esculhambação geral. O mérito maior de “Inversão” é não abrir mão da proposta de se apresentar como um filme de ação, no sentido estrito do termo, e com todas as dificuldades narrativas que isso possa acarretar, como perseguições, pancadaria, tiroteios, e até uma queda de avião após do que os personagens se vêm perdidos numa selva. Nesse esforço se destaca a capacidade de sugerir climas e cenários por meio apenas da iluminação, da montagem e do empenho dos atores. Nisso, o diretor Edu Felistoque remete a um tipo de criação cinematográfica digamos clássica, que foi introduzida no Brasil pelos técnicos da Vera Cruz e, depois, aprimorada e amplamente aplicada nas séries e novelas de TV até os anos de 1990.



INVERSÃO
Brasil, 2009, 91 minutos, 16 anos
estreia 27 05 2011
gênero ação / policial
Direção Edu Felistoque
Com Alexandre Barillari, Edu Silva, Giselle Itié
COTAÇÃO
* *
REGULAR

Um comentário:

Enaldo Soares disse...

Este recurso de filmar sem tripé foi utilizado em "Nokas", ao que parece, um interessantíssimo filme norueguês, e dá um efeito de tonteira eletrizante.