Em 7 de agosto de 1974, aos 23 anos, o equilibrista francês Philippe Petit atravessou a distância de 80 metros que separava as Torres Gêmeas de Nova York andando numa corda bamba pendurada entre os prédios. Foi e voltou oito vezes, rindo e cantando, até ser capturado, preso e expulso do país, por ter cometido o chamado “crime artístico do século”. Foi uma proeza admirável, realizada sem qualquer proteção, ou rede de segurança, a 400 metros acima do asfalto, que talvez não tivesse merecido um filme de longa metragem para documentá-la, não fosse o triste destino do World Trade Center. Em plena crise do Watergate, com o mundo político ardendo em escândalo, quem prestaria atenção num maluco europeu enquanto ele se infiltrava, sem ser visto, na vigiada torre sul do WTC, carregando um cabo de aço de 60 metros e um pesado equipamento para fixá-lo? E, depois, transportando esse cabo pesando 200 quilos até o terraço, 28 andares acima do 82º andar. Chegando lá, ele precisaria lançar o cabo para a outra torre e amarrar bem, para tensioná-lo e compensar o vento e a oscilação dos prédios. É, sem dúvida, uma história mirabolante e seu protagonista um personagem único, simpático e comunicativo, que se encarrega de narrar toda a aventura encarando a câmera.
O filme levou o Oscar 2009 de melhor documentário porque o diretor James Marsh encontrou o tom exato para contar o caso: uma bem humorada e explícita paródia de documentário policial mostrando o processo de planejamento e execução de um crime. E porque soube costurar a descrição dos fatos com uma elegante trilha sonora e momentos de puro suspense e poesia. À falta de um material de arquivo com a qualidade visual à altura do projeto, Marsh produziu seqüências de “reconstituição”, em branco e preto, bem granuladas, com razoável poder de convencimento. A namorada do herói e seus demais parceiros do empreendimento são chamados de “cúmplices” e oferecem depoimentos para a câmera – todos sem sal ou qualquer interesse. Mas essa falta de tempero fica compensada pelo talento histriônico de Philippe Petit (na foto acima) que, dias após o evento, fora totalmente esquecido pela mídia, ofuscado pela renúncia de Nixon. Transformado em elemento integrante da memória do WTC e já passados sete anos da tragédia que o destruiu, ele nos oferece a oportunidade de uma lembrança quase cômica, alegre e entusiasmada das extintas Torres Gêmeas de Nova York.
O filme levou o Oscar 2009 de melhor documentário porque o diretor James Marsh encontrou o tom exato para contar o caso: uma bem humorada e explícita paródia de documentário policial mostrando o processo de planejamento e execução de um crime. E porque soube costurar a descrição dos fatos com uma elegante trilha sonora e momentos de puro suspense e poesia. À falta de um material de arquivo com a qualidade visual à altura do projeto, Marsh produziu seqüências de “reconstituição”, em branco e preto, bem granuladas, com razoável poder de convencimento. A namorada do herói e seus demais parceiros do empreendimento são chamados de “cúmplices” e oferecem depoimentos para a câmera – todos sem sal ou qualquer interesse. Mas essa falta de tempero fica compensada pelo talento histriônico de Philippe Petit (na foto acima) que, dias após o evento, fora totalmente esquecido pela mídia, ofuscado pela renúncia de Nixon. Transformado em elemento integrante da memória do WTC e já passados sete anos da tragédia que o destruiu, ele nos oferece a oportunidade de uma lembrança quase cômica, alegre e entusiasmada das extintas Torres Gêmeas de Nova York.
O Equilibrista
Man on Wire
2008 - Inglaterra
estréia 09/04/2009
Direção James Marsh
Man on Wire
2008 - Inglaterra
estréia 09/04/2009
Direção James Marsh
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