As pessoas se esquecem, ou melhor, nem reparam que do outro lado do planeta existe um continente ocupado por um braço da civilização ocidental. Ali, pertinho da China, formou-se a Austrália, um país mais novo que o Brasil e que já é mais desenvolvido que o nosso, apesar de também ser multicultural e ter raízes européias e primitivas. Nós freqüentadores de cinema sabíamos que o seu povo é bonito e talentoso. Tanto que Cate Blanchett e Heath Ledger são de lá, assim como Hugh Jackman, Nicole Kidman e o diretor Baz Luhrmann que, antes de Moulin Rouge (2001), tinha feito uma pequena jóia chamada Vem Dançar Comigo (1992). Mas foi preciso que ele desenvolvesse este projeto para sabermos que o gado da Austrália foi fundamental para alimentar as forças aliadas em guerra contra os fascistas. E que os japoneses bombardearam com crueldade genocida a cidade de Darwin, logo após terem atacado a base americana de Pearl Harbor.
Como vemos, de um lado, o filme é educativo, mostrando a extrema diversidade étnica do país, povoado por ingleses, chineses, russos etc. Mas é também poético, destacando com carinho a profundidade da cultura dos aborígenes, que praticavam mágica por meio da música, cantando para os peixes antes de pescá-los. E comentando a fusão de culturas neste planeta, recorrendo ao filme musical O Mágico de Oz (1939) antes do qual o cinema tinha como cores apenas o branco e o preto. Esse filme dentro do filme funciona como símbolo da inclusão, como lembrete de que, mesmo no tempo da segregação racial, já existia gente de várias cores lutando contra ela. Austrália foi rotulado um filme épico porque tem a estatura de obras como Assim Caminha a Humanidade (1956), em que os personagens lutavam pelo petróleo, do mesmo modo que os de Baz Luhrmann brigam pelo gado. Ou de E o Vento Levou (1939) no qual os protagonistas amavam a propriedade que possuíam, mais até que os seus próprios amantes. Em Austrália, a terra é importante, claro, mas as relações entre pessoas valem muito mais. Um de seus aspectos mais comoventes é a adoção do garoto mestiço e órfão pela aristocrata britânica vivida por Nicole Kidman. Quase no encerramento do filme esse encantador personagem declara que "contar histórias é o que existe de mais importante no mundo, porque é através delas que as pessoas amadas permanecem vivas". Trata-se de uma declaração de amor ao cinema, à história e à tradição tribal em que a cultura aborígene sobrevive. Resumindo, por trás da roupagem aparentemente pesada de espetáculo épico, o filme fala do passado, mas sintonizado com o mundo de hoje.
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Um comentário:
Caro Luciano,
sou amigo do seu filho, Leandro, e venho fazer esse comentário pra elogiar o seu blog, que leio sempre, e te passar o meu, que tem conteúdo que talvez te interesse.
Trabalho com publicidade e cinema e fiz um blog pra escrever sobre um hobby antigo: assistir filmes e séries de tv. Junto com um grande amigo, eu escrevo sobre essa nova forma de assistir cinema e tv, que é o download.
A meta do blog é resenhar filmes e séries que encontramos disponíveis pra baixar na internet. As primeiras postagens se concentram em explicar a nossa visão dessa nova mídia e ensinar aos leitores com usar os programas de download, os players, as legendas e até como criar o seu próprio torrent.
O tipo de produções que costumamos resenhamos varia, mas acaba sendo, em sua maioria, filmes mais obscuros e programas de tv bizarros.
Se você se interessar pelo assunto, visite: http://webcorsario.blogspot.com/
Abs.
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