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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Retrato realista de um ídolo do futebol brasileiro nos anos 1940: "Heleno", por Rodrigo Santoro

Quem se interessa por futebol não precisará assistir “Heleno”, dirigido por José Henrique Fonseca (“O Homem do Ano”, 2003) para saber que ele foi um dos atletas mais brilhantes dos anos 1940. Os demais poderão se surpreender com esta bem cuidada produção em preto e branco sobre a triste vida de Heleno de Freitas (foto real abaixo)em foto , encarnado por Rodrigo Santoro com a garra de um centro avante em disputa pelo campeonato. Mesmo que o roteiro do filme não tenha alcançado essa dimensão, este (anti) herói carrega uma aura de tragédia que o arremessou da celebridade e da riqueza à degradação da loucura e do esquecimento. Apesar de elegante, inteligente e bem educado, ele não conseguiu superar os seus principais adversários, a saber, a bebida, o cigarro e o éter, além do temperamento agressivo e promíscuo que o levaram a encarar o seu inimigo verdadeiramente mortal que foi o treponema pallidum, ou seja, a sífilis.

Chegam a cinco, portanto, esses tremendos antagonistas, de modo que eles poderiam formar um time de futebol de salão. Mas o oponente que de fato o derrotou era um só e se escondia dentro dele mesmo. Falo de um ego tão inquebrável e desmesurado que o impedia de enxergar as coisas em sua configuração real e o levava se julgar invencível, mesmo quando já se achava a beira do abismo. Nesse sentido a equipe de roteiristas, na qual se inclui o argentino Fernando Castets − aplaudido por filmes como “O Filho da Noiva” (2001) – falhou em não trabalhar mais com esse conflito interno do personagem. No entanto, “Heleno” tem menos erros do que acertos. Como por exemplo, um intérprete perfeccionista − que veste a aparência física, o gestual e até alma do jogador − e a reconstituição do Rio anterior à Segunda Guerra, fotografado pela luxuosa lente de Walter Carvalho. Mas infelizmente não deixa que nos identifiquemos com o protagonista, porque afinal, ninguém consegue torcer por um chato, monolítico e invariável que se considera o máximo, acima de tudo e de todos.

HELENO
Brasil, 2012, 116 min, 14 anos
estreia 30 03 2012
gênero docudrama / futebol
Distribuição Downtown
Direção José Henrique Fonseca
Com Rodrigo Santoro, Alinne Moraes e Othon Bastos
COTAÇÃO
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B O M

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