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quinta-feira, 5 de abril de 2012

“A Dançarina e o Ladrão” é um espetáculo completo: diverte, emociona e faz pensar.

A produção espanhola “A Dançarina e o Ladrão” é dirigida por Fernando Treuba, que em 1992 fez o emocionante “Sedução - Belle Époque”. Mas a alma do espetáculo é o livro em que se baseia − do chileno Antonio Skarmeta autor de “O Carteiro e o Poeta” (na foto abaixo), que faz uma pequena ponta no filme, no pele de um crítico de dança. Outro papel pequeno, porém, marcante é da bailarina brasileira Marcia Haydée, vivendo uma professora de balé. A história se passa no Chile, em seu processo de redemocratização, após o período Pinochet. Mas a tônica é essencialmente romântica, e a figura do ditador é apenas um quadro na parede que esconde um cofre com dinheiro sujo do regime derrubado.
Uma fortuna a ser arrebatada quase a contragosto pelo ladrão do título, interpretado com a maestria de sempre pelo argentino Ricardo Darin. Ele pretende abandonar o crime, mas as circunstâncias o levam a se associar a um jovem ex-presidiário que parece uma versão atualizada do cômico mexicano Cantinflas, apaixonado por uma bailarina muda. Essas figuras chaplinianas sacodem o protagonista que representa o homem sério e empenhado em se regenerar e tornar-se um cidadão integrado ao mundo real. A partir delas, a trama vai adquirindo uma tonalidade quase poética e fantástica, por meio de detalhes ao mesmo tempo dramáticos e simbólicos. Um exemplo disso é cavalo que o rapaz enamorado usa para se locomover pela cidade de Santiago, como se o animal fosse uma bicicleta, ou se a capital do Chile não passasse de um vilarejo do interior.
A DANÇARINA E O LADRÃO
El baile de la Victoria
Espanha, 2009, 127 min, 12 anos
estreia 30 03 2012
Gênero comédia / drama / história
Distribuição:Paris Filmes
Direção Fernando Trueba
Com Abel Ayala, Ariadna Gil, Ricardo Darin
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

3 comentários:

Marco Aurélio disse...

wow Luciano... encontrei o seu blog no google, quando procurava uma foto do Darin para colocar num comentário no facebook... assisti ontem o filme A Dançarina e o Ladrão e sai do cinema.. e te digo que ainda estou meio tonto com tanta beleza... O Darin dispensa apresentações... sempre perfeito, como uma Fernanda Montenegro de calças... Mas o Ayala, é absurdo de bom e a menina também... Pelo sotaque eu sabia que a professora era brasileira e graças a você descobri mais sobre... parabéns pelo blog... abraxx

Eduardo disse...

Também acho que este filme é um espetáculo, mas um espetáculo de clichês! O ladrão arrependido, a tímida traumatizada que esconde um grande talento, o jovem sonhador e altruísta, o casal separado por uma guerra (no caso a ditadura)... Ou seja, temos uma linda embalagem, mas com um conteúdo sofrível, vazio, sem absolutamente nada de novo a considerar. O roteiro tem mais buracos que um queijo suíço, o ator que faz o jovem Angél é muuuuito ruim, a tentativa pretensiosa de fazer uma amálgama de gêneros torna o filme um amontoado episódico de situações inverossímeis e dispensáveis. Sugiro a vocês assistirem a mais filmes latinos de qualidade para poderem ter uma referência que os permita concluir o quão mentirosa é a suposta qualidade desse trabalho, como disse, boa fotografia e algumas boas cenas (mas apenas se analisadas isoladamente, porque no contexto tudo se perde, inclusive Ricardo Darín, que está no piloto automático e deve ter tido vergonha ao ver o resultado final).

romulo disse...

Achei o filme belíssimo, muito poético e a atuação do Abel Ayala o rapaz sonhador e um tanto chapliniano excelente e ainda muito atual. O filme retoma aspectos da história política do país com leveza, ironia e profundidade. Lembrando que ao final a rota de fuga dos personagens pela cordilheira andina é a mesma do poeta Pablo Neruda ao fugir do regime cruel que o perseguia. Citações da obra Milagre dos Peixes do Milton Nascimento, (censurada pela ditadura brasileira) na trilha sonora faz o filme transcender para questões do continente.