Woody Allen não faz nenhum papel em “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos”. Nem ao menos se encarrega da locução da voz em off que narra a história e comenta seus rumos e personagens. Também não elege qualquer um deles como seu alter ego, como fizera com o rabugento novaiorquino vivido por Larry David em “Tudo pode der certo” (2009). Mas sua presença como autor é evidente em todos os aspectos e momentos do filme. Até a cidade de Londres se mostra idêntica a Manhattan, uma espécie de ilha, ou redoma de cristal inventada para abrigar as obsessões e as figuras típicas com as quais ele tem trabalhando nesta última fase da sua produção.
Assim como em “Ponto Final – Match point” (2005), o enredo se estrutura em torno da questão do acaso, como principal fator a determinar as trajetórias humanas. Esse é de fato um dos mais sérios problemas para qualquer roteirista de cinema porque, na dramaturgia, tudo precisa fazer algum sentido, em termos das intenções e conflitos dos personagens. Aqui, entretanto, todas as ações dotadas de intencionalidade fracassam ou apresentam efeitos inesperados e indesejados. Por exemplo, um escritor em crise (Josh Brolin) resolve assinar e apresentar para uma editora os originais de um livro que um amigo lhe entregara só para pedir opinião, um dia antes de entrar em coma. O trabalho é aceito e vai ser publicado com o nome do usurpador. Mas, o que aconteceria se o verdadeiro autor do texto despertasse do coma?
Todas as demais figuras da trama se acham envolvidas em ciladas tão traiçoeiras quanto essa. Nesse sentido sim, o filme é uma comédia. O significado do riso assim produzido é semelhante ao que acontece quando vemos alguém que estava caminhando cheio de confiança em si mesmo escorregar numa casca de banana. Se o cidadão fratura a coluna, a graça se dissipa antes de gerar uma gargalhada. Esse é o caso da personagem de Naomi Watts, fascinada pelo de Antonio Banderas, e o de Anthony Hopkins, iludido por seus próprios músculos cultivados em academia. É mais ou menos assim que o roteiro se articula, como se Woody Allen estivesse sempre a serviço do “princípio de realidade”, disposto a impedir que as fantasias voem soltas pelo espaço do cinema, como em “O Sonho e Cassandra” (2007).
Mas, em compensação, a narrativa também trilha o caminho inverso – especialmente no que se refere aos personagens ligados à ironia inerente ao título ao próprio do filme e que remete a uma frase favorita de videntes e cartomantes para as clientes solitárias. A previsão do futuro por meios sobrenaturais como, aliás, vimos em “Scoop – O grande furo” (2006) parece ser o único antídoto contra o poder arrasador do acaso.
Assim como em “Ponto Final – Match point” (2005), o enredo se estrutura em torno da questão do acaso, como principal fator a determinar as trajetórias humanas. Esse é de fato um dos mais sérios problemas para qualquer roteirista de cinema porque, na dramaturgia, tudo precisa fazer algum sentido, em termos das intenções e conflitos dos personagens. Aqui, entretanto, todas as ações dotadas de intencionalidade fracassam ou apresentam efeitos inesperados e indesejados. Por exemplo, um escritor em crise (Josh Brolin) resolve assinar e apresentar para uma editora os originais de um livro que um amigo lhe entregara só para pedir opinião, um dia antes de entrar em coma. O trabalho é aceito e vai ser publicado com o nome do usurpador. Mas, o que aconteceria se o verdadeiro autor do texto despertasse do coma?
Todas as demais figuras da trama se acham envolvidas em ciladas tão traiçoeiras quanto essa. Nesse sentido sim, o filme é uma comédia. O significado do riso assim produzido é semelhante ao que acontece quando vemos alguém que estava caminhando cheio de confiança em si mesmo escorregar numa casca de banana. Se o cidadão fratura a coluna, a graça se dissipa antes de gerar uma gargalhada. Esse é o caso da personagem de Naomi Watts, fascinada pelo de Antonio Banderas, e o de Anthony Hopkins, iludido por seus próprios músculos cultivados em academia. É mais ou menos assim que o roteiro se articula, como se Woody Allen estivesse sempre a serviço do “princípio de realidade”, disposto a impedir que as fantasias voem soltas pelo espaço do cinema, como em “O Sonho e Cassandra” (2007).
Mas, em compensação, a narrativa também trilha o caminho inverso – especialmente no que se refere aos personagens ligados à ironia inerente ao título ao próprio do filme e que remete a uma frase favorita de videntes e cartomantes para as clientes solitárias. A previsão do futuro por meios sobrenaturais como, aliás, vimos em “Scoop – O grande furo” (2006) parece ser o único antídoto contra o poder arrasador do acaso.
VOCÊ VAI CONHECER O HOMEM DOS SEUS SONHOS
You Will Meet a Tall Dark Stranger
estreia 26 11 2010
EUA/ Espanha - 2009 – 98 min. – 12 anos
Gênero Comédia
Distribuição Paris Filmes
Direção Woody Allen
Com Naomi Watts, Antonio Banderas, Josh Brolin,
Anthony Hopkins, Freida Pinto e Gemma Jones
COTAÇÃO
****
ÓTIMO
You Will Meet a Tall Dark Stranger
estreia 26 11 2010
EUA/ Espanha - 2009 – 98 min. – 12 anos
Gênero Comédia
Distribuição Paris Filmes
Direção Woody Allen
Com Naomi Watts, Antonio Banderas, Josh Brolin,
Anthony Hopkins, Freida Pinto e Gemma Jones
COTAÇÃO
****
ÓTIMO
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