Um dos filmes mais interessantes lançados até agora em 2010 é “Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” (Män som hatar kvinnor), adaptação cinematográfica do primeiro episódio da chamada “trilogia Millennium”, escrita pelo pelo jornalista sueco Stieg Larsson -- um talento literário que morreu em 2004, com apenas 50 anos. De 2005 até agora, a série foi lançada em 40 países e vendeu mais de 20 milhões de exemplares. Já o filme foi visto por 8 milhões de pessoas na Europa. E em todo o mundo, foi a terceira mais bem sucedida produção, em língua não-inglesa de 2009. Os outros dois títulos da coleção também já foram filmados e os direitos da primeira parte foram adquiridos pela Columbia Pictures. Em 2012, a versão americana deverá estar pronta, com direção do prestigiado David Fincher ("O Curioso Caso de Banjamin Button"). Apesar de competente, a dupla original de protagonistas, Michael Nykvist e Noomi Rapace, não têm a marca fisionômica de Hollywood e há comentários de que serão substituídos – ele por George Clooney, ou Johnny Depp ou, Vigo Mortensen e ela pela emergente Carey Mulligan ("Educação").
Uma apreciação inicial da extrema qualidade que o filme apresenta pode ser resumida na seguinte formulação “fast food”: uma mistura de Bergman com Hitchcock. Ou seja, suspense de alta voltagem montado a partir de personagens e situações aprofundados e ancorados na concretude dos mundos psíquico e social em que vivemos. O personagem central é um jornalista injustamente preso e condenado por difamação. Para dar plausibilidade a essa circunstância num país como a Suécia, o escritor criou uma engenhosa armadilha armada por um político neofascista. Impedido de trabalhar na mídia, ele é contratado para investigar o desaparecimento da sobrinha de um magnata que vive recluso numa ilha.
Há inicialmente uma homenagem a "Blow Up" (de Michelangelo Antonioni - 1967), numa fase em que o herói aplica as técnicas jornalísticas tradicionais (e analógicas), vasculhando arquivos e dissecando documentos. Mas quando entra em cena a intrigante figura de Lisbeth, uma hacker profissional que se associa a ele, o filme entoa uma espécie de ode à internet e aos procedimentos digitais de pesquisa. Um dos encantos do filme, aliás, é esse confronto entre personalidades formadas por duas culturas quase antagônicas, que teria tudo para cair no lugar comum das comédias americanas em que homem e mulher se odeiam a princípio e, depois, se amam. A título de “teaser”, adiantamos que essa moça é uma jovem punk e lésbica que se acha em liberdade condicional por ter incendiado (literalmente) o homem que a molestara na infância. E os motivos que a levam a se juntar ao repórter se mostram especialmente apavorantes.
O horror verdadeiro, porém, vai se adensando à medida que eles se aproximam dos suspeitos e vão reconstituindo uma série de outros crimes até então não resolvidos. E nesse ponto, o texto de Stieg Larsson esbanja ironia, porque esses assassinatos são cometidos por um ex-militante nazista que mata mulheres conforme determinadas execuções e cenas de violência descritas no antigo testamento. Enfim, “Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” e o “upgrade” que realiza nesse gênero de espetáculo que, até agora, só tinha chegado ao nível de “O Silêncio dos Inocentes” (de Jonathan Demme – 1991) é uma surpresa mais que bem-vinda. O cinema feito em Hollywood já provou também possuir vida inteligente, mas agora, não há dúvida que o cinema sueco esbanja inteligência emocional.
Uma apreciação inicial da extrema qualidade que o filme apresenta pode ser resumida na seguinte formulação “fast food”: uma mistura de Bergman com Hitchcock. Ou seja, suspense de alta voltagem montado a partir de personagens e situações aprofundados e ancorados na concretude dos mundos psíquico e social em que vivemos. O personagem central é um jornalista injustamente preso e condenado por difamação. Para dar plausibilidade a essa circunstância num país como a Suécia, o escritor criou uma engenhosa armadilha armada por um político neofascista. Impedido de trabalhar na mídia, ele é contratado para investigar o desaparecimento da sobrinha de um magnata que vive recluso numa ilha.
Há inicialmente uma homenagem a "Blow Up" (de Michelangelo Antonioni - 1967), numa fase em que o herói aplica as técnicas jornalísticas tradicionais (e analógicas), vasculhando arquivos e dissecando documentos. Mas quando entra em cena a intrigante figura de Lisbeth, uma hacker profissional que se associa a ele, o filme entoa uma espécie de ode à internet e aos procedimentos digitais de pesquisa. Um dos encantos do filme, aliás, é esse confronto entre personalidades formadas por duas culturas quase antagônicas, que teria tudo para cair no lugar comum das comédias americanas em que homem e mulher se odeiam a princípio e, depois, se amam. A título de “teaser”, adiantamos que essa moça é uma jovem punk e lésbica que se acha em liberdade condicional por ter incendiado (literalmente) o homem que a molestara na infância. E os motivos que a levam a se juntar ao repórter se mostram especialmente apavorantes.
O horror verdadeiro, porém, vai se adensando à medida que eles se aproximam dos suspeitos e vão reconstituindo uma série de outros crimes até então não resolvidos. E nesse ponto, o texto de Stieg Larsson esbanja ironia, porque esses assassinatos são cometidos por um ex-militante nazista que mata mulheres conforme determinadas execuções e cenas de violência descritas no antigo testamento. Enfim, “Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” e o “upgrade” que realiza nesse gênero de espetáculo que, até agora, só tinha chegado ao nível de “O Silêncio dos Inocentes” (de Jonathan Demme – 1991) é uma surpresa mais que bem-vinda. O cinema feito em Hollywood já provou também possuir vida inteligente, mas agora, não há dúvida que o cinema sueco esbanja inteligência emocional.
Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Män som hatar kvinnor
Suécia - 2009 - 16 anos
estreia 21 05 2010
Gênero suspense / crime
Distribuição Imagem
Direção Niels Arden Oplev
Com Michael Nykvist Peter Haber e Noomi Rapace
Män som hatar kvinnor
Suécia - 2009 - 16 anos
estreia 21 05 2010
Gênero suspense / crime
Distribuição Imagem
Direção Niels Arden Oplev
Com Michael Nykvist Peter Haber e Noomi Rapace
COTAÇÃO
****
ÓTIMO
****
ÓTIMO
2 comentários:
Pra quem ainda não viu fica a minha indicação também. É ótimo! E a atriz Noomi Rapace (que faz a personagem Lisbeth Salander) é extraordinária. E agora, pra variar, vem hollywood querer refilmar, meter o bedelho onde não é chamado pra ganhar dinheiro fácil.
Cultura? O lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com
Estou muito curiosa para ver esse filme! Aqui em Porto Alegre só estreou nos cinemas alternativos (que são caros e ruins, na maioria) e não consegui ver. Então comprei o livro.
Bjo
Postar um comentário