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sábado, 3 de setembro de 2016

Após repercussão em Cannes, Aquarius finalmente chega aos cinemas


Cena de "Aquarius", novo longa do diretor de "O Som ao Redor"

Enfim estreia um dos filmes brasileiros que despertaram mais interesse e curiosidade nos últimos tempos. Trata-se do pernambucano Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que teve pré-estreia no último Festival de Cannes e lá promoveu um protesto político que chamou atenção. Mas isso só aconteceu, é claro, por causa do prestígio conquistado pelo seu trabalho anterior, que foi “O Som ao Redor”. 
O tema do novo filme prossegue sendo a violência e a ferocidade da especulação imobiliária na cidade de Recife – na qual ergue-se um novo arranha-céu a cada momento. E todos querem saber qual desses filmes tem mais qualidade. Este ou o já clássico “O Som ao Redor”... Os dois são bastante equilibrados, mas apresentam grandes diferenças entre eles. “Aquarius” é todo estruturado sobre a personagem de Sonia Braga, que surge como protagonista absoluta. Ou seja, uma figura que aparece em todas as cenas do filme. 

Viúva, jornalista aposentada e especializada em música, ela mora em plena praia da Boa Viagem no Recife, de frente para o mar, num prédio de dois andares e poucos apartamentos. O dela é o último que resta no edifício, porque todos os demais já foram vendidos para uma construtora que pretende erguer um espigão no local. Mas ela se recusa a vender o imóvel, pelo qual receberia a quantia de dois milhões. E a cada jogada da negociação se mostra mais firme, no que se assemelha a alguns heróis que protagonizam determinados filmes americanos. 


Há muito dinheiro em questão nessa história. A empresa interessada não tem escrúpulos e joga duro, mostrando-se disposta em transformar num inferno o cotidiano da heroína. Sem que isso seja um defeito do filme, porem, há certo desiquilíbrio entre as sequências de ação, nas quais ela enfrenta os seus oponentes, e as passagens mais intimistas em que ela contracena com os filhos e os amigos.

Sônia Braga é "Clara", protagonista absoluta do longa pernambucano

A personagem de Sonia Braga frequenta um baile, conhece um pretendente a namoro e vai à praia para caminhar e nadar. Nestas ocasiões, que provavelmente tem o objetivo de funcionar como interlúdios para amenizar a tensão crescente em Aquarius, Kleber Mendonça mostra o melhor de sua habilidade como diretor. Principalmente nas situações em que ela interage com os filhos e que são especialmente emocionantes. 

É bom lembrar que, em suma, Aquarius não se resume a um bang bang urbano e nem a um panfleto. Trata-se de um drama de elevada dimensão humana e que abarca em suas entranhas os mais doloridos conflitos nos quais se debatem a sua protagonista e toda a geração que ela representa. 

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