Trata-se de um docudrama histórico que nos conta
como o povo e o estado democrático da Alemanha processaram os crimes praticados
pelos nazistas durante a 2ª Guerra. Porque, até 1958, a maioria da população do
país não tinha ideia das barbaridades praticadas nos campos de concentração.
Aos 50 anos de idade e tendo trabalhando como ator
em 40 filmes e seriados na TV da Alemanha, o italiano Giulio
Ricciarelli dirige Labirinto de Mentiras, o seu primeiro longa
de ficção naquele país. Esse fato mostra que, atualmente na Europa, a indústria
do audiovisual tende a ultrapassar as fronteiras nacionais. Este filme, aliás,
coloca em discussão um episódio histórico que interessa a todos os países do
planeta. A ação se passa em 1958, 13 anos portanto, após o fim da 2ª Guerra. Por
incrível que isso possa parecer, àquela época o povo alemão ainda não tinha
conhecimento pleno da totalidade dos crimes praticados nos campos de concentração.
Evidentemente, os nazistas não evaporaram com a queda de Hitler, ou seja, eles
simplesmente passaram a se comportar como se nada tivesse acontecido.
O filme narra como, um jovem promotor público de
Frankfurt, montou um processo judicial condenando dezenas de militares que
tinham trabalhado em campos de concentração, como Auschvitz. E só conseguiu
isso atuando politicamente no Ministério da Justiça, que preferia não colocar
os dedos naquela ferida ainda não cicatrizada.
Toda a ação se encontra concentrada na trajetória
desse jovem promotor. Ele funciona como herói na narrativa que, na realidade, é
fruto do amadurecimento da justiça e demais instituições da Alemanha como um
todo. No entanto, todo o trabalho dele e demais promotores consistiu na
individualização dos crimes cometidos no holocausto e que se achavam encobertos
sob o véu generalizador da velha desculpa segundo a qual “todos os alemães
aderiram ao nazismo” e os soldados “apenas cumpriam ordens superiores”.
Fugindo do maniqueísmo, o diretor Giulio
Ricciarelli desenha o protagonista como um cidadão comum que atravessa o filme
cheio de dúvidas em relação à sua própria força de vontade e em face do papel
que a sua família teria desempenhado durante a guerra.
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