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domingo, 1 de janeiro de 2017

Retrospectiva Cinema Brasileiro | "Boi Neon" já entrou em cartaz como filme renomado



Juliano Cazarré interpreta o vaqueiro Iremar, protagonista da obra

Nesses primeiros dias de 2017 iremos fazer uma retrospectiva de textos sobre o último ano do cinema brasileiro, dando enfoque naqueles produzidos enquanto o blog ainda não estava de volta à ativa. Hoje começaremos nossa revisão pelo aplaudido filme de Gabriel Mascaro, Boi Neon.

A carreira do filme pernambucano Boi Neon experimenta o sabor do sucesso antes mesmo da sua estreia comercial. Começou no Festival de Veneza em setembro de 2015, com um prêmio especial do júri. Depois veio o Festival de Toronto, com uma menção honrosa que lhe garantiu distribuição nos EUA e Canadá. Pra encurtar a conversa, esse filme de Gabriel Mascaro já foi visto em mais de 30 festivais e acumulou 14 prêmios - incluindo 4 de melhor filme, e será distribuído em 15 países.
Juliano Cazarré interpreta um vaqueiro. É um personagem que nada tem a ver com os vaqueiros dos
filmes americanos de faroeste e nem com os brasileiros que aparecem em clássicos como “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Bem menos romântico, e nada épico, seu trabalho consiste em preparar e limpar os bois para uma empresa de vaquejada itinerante. Nas horas vagas, ele desenha e costura roupas sensuais para a personagem de Maeve Jinkis, que é a caminhoneira do grupo e, às noites, se apresenta como dançarina sensual.

Essa atriz fez uma das figuras mais marcantes no filme “O Som ao Redor” e, em Boi Neon, reforça a proposta do diretor Gabriel Mascaro no sentido de dissolver as imposições que se referem aos papéis de gênero.


Iremar, um homem costureiro, desafia os antiquados estereótipos de gênero

E nenhum desses dois rapazes é gay: Cazarré conquista uma vendedora de perfume com quem faz uma cena de sexo que dura uns 10 minutos, enquanto Vinicius conquista (ou é conquistado) pela caminhoneira. Com poucos diálogos que valem pela saborosa prosódia nordestina, e quase sem uma história para contar, Boi Neon se parece com um documentário, porque não tem uma estrutura dramática. Mas de fato resulta num universo totalmente construído por Gabriel Mascaro que, com ele, pretende “renovar conhecimento de uma realidade que está em mutação econômica, social e cultural”. Alguns teóricos deverão classificar Boi Neon como um verdadeiro documentário...

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