No entanto,o seu significado mais atual se refere a um cinema de baixo ou nenhum orçamento. Mais precisamente, o tipo de filme que não visa retorno comercial de bilheteria e que, portanto, se permite ousar em termos de linguagem e de temática. Mais ou menos como era o ciclo de obras dos anos de 1960 e 1970 que foi chamado de Cinema Marginal, liderado por nomes como Julio Bressane, Rogério Sganzerla e Andrea Tonacci. Nesta 19ª edição, o festival de Tiradentes deixa bem clara essa origem genética, homenageando Tonacci e exibindo novas criações de Bressane e de Helena Ignez – essa, a herdeira familiar e artística de Sganzerla.
É preciso notar que, em Tiradentes, a competição é organizada em diferentes, digamos, sub-mostras. O júri da Crítica escolhe o melhor entre os cineastas que fizeram no máximo três longas metragens, enquanto os iniciantes, ou seja, os que se encontram em seu 1º longa são julgados por um grupo de estudantes universitários com no máximo 25 anos. Estes escolheram o surrealista “Tropykaos”, do baiano Daniel Lisboa, trama em que o sol aparece como metáfora da violência social.
Assim como a maioria dos títulos em competição, os premiados são filmes de difícil (ou até improvável) aceitação por um público mais amplo. Mas seus realizadores não deverão enfrentar problemas financeiros por causa disso, porque são geralmente produções financiadas por editais. Isto é, com recursos liberados por secretarias de cultura de estados e municípios. Em outras palavras, dinheiro público e, por isso mesmo, curto, controlado e modesto. Amanhã, continuaremos a analisar a Mostra de Tiradentes, que vem se firmando como um dos mais importantes eventos cinematográficos do país. Ate lá!
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