Ele começou como diretor em 1986, numa parceria com Jorge Furtado, no cultuado
curta-metragem “O Dia em que Dorival encarou a Guarda”. Aquele filme era
estrelado por João Acaiabe, ator que, aliás, permaneceu durante muitos anos
contratado pela TV Cultura. Depois disso, ele se dedicou ao cinema
publicitário e à televisão.
Com interpretação do experiente Eucir de Souza e do iniciante Sandro Aliprandi,
o filme realmente se estaca pela qualidade técnica, com imagens de alto impacto
– como o solo da cidade de Porto Alegre visto em lugar das nuvens e uma câmara
subjetiva da chuva ao cair do céu. A maior parte das cenas acontece à noite,
inclusive para sublinhar o caráter melancólico do jovem protagonista, em crise
afetiva e emocional.
O filme não é propriamente divertido, mas a narrativa se mostra
empenhada em dissecar o desenvolvimento de uma inadequação existencial própria
de um adolescente. O garoto precisa lidar com a irrupção do sexo e, ao mesmo
tempo, com a rejeição do pai truculento e com a depressão da mãe. Revisto
agora, meio ano depois de Gramado, “Ponto Zero” não é
apenas bonito e bem feito do ponto de vista sonoro e visual. Trata-se de
um ensaio sensível e contemporâneo sobre o universo mental da juventude urbana.
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