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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Confuso e apressado, o decepcionante "Estados Unidos Pelo Amor" é abaixo da expectativa


Magdalena Cielecka é uma das atrizes principais.

“Estados Unidos pelo Amor” deve ser o título de impacto criado para dar nome a um filme polonês ambientado em 1990, justamente no momento em que aquele país via destruído o seu projeto de socialismo soviético e nada mais parecia dar certo. O diretor e roteirista é Tomasz Wasilewski, um jovem de 37 anos que, com este projeto, ganhou o Urso de Prata no último Festival de Berlim.
Seu trabalho anterior era “Arranha-céus Flutuantes”, de 2013, que igualmente circulou bem em outros festivais de perfil dedicado a filmes diferenciados. Mas este, porém, parece ter sido pensado para ser puro marketing. Trata-se de um apanhado circunstancial na vida de quatro mulheres. E estas precisam ser bastante infelizes, para atender a uma provável encomenda: ou seja, vejam como elas sofriam. Como eram tristes as mulheres trabalhadoras daquele tempo e naquele país.

Pra começar, a fotografia é lavada e esmaecida, praticamente monocromática, num tom quase fúnebre e deprimente. Não há trilha sonora musical e os personagens quase não interagem – apenas se trombam uns com os outros. Todas as quatro figuras centrais são professoras e trabalham na mesma escola. Além disso, moram no mesmo prédio – um daqueles edifícios populares de cinco pavimentos ,sem elevador, em que os moradores não convivem, apenas se amontoam.

Na primeira cena, essas pessoas e seus maridos jantam em conjunto, provavelmente numa festividade cívica. São elas a diretora da escola, jovem e vaidosa, a já veterana professora de literatura, a instrutora sexy de ginástica, sempre sonhando em se tornar modelo, e a gerente de uma locadora de vídeo VHS. Essa a mais trágica das quatro, simplesmente porque está apaixonada pelo padre que atende a paróquia local.



As cores esmaecidas se acumulam no filme.

Basta lembrar o peso e a seriedade que o culto católico tinha, e ainda tem, naquele país. O religioso nem desconfia, mas ocupa diariamente os sonhos eróticos daquela pessoa. Já a diretora da escola é obcecada pelo médico, há anos seu amante, numa história que ele quer encerrar, porque a sua esposa acabara de falecer. Uma história que tem tudo para terminar em violência.

Até aí, tudo bem. Estamos diante de uma farsa que lembra antigos dramas italianos neorrealistas. Mas o diretor Tomasz Wasilewski, batalhou pelo prêmio em Berlim, usando a seguinte estratégia: podendo complicar para que simplificar? A narrativa é um tanto misteriosa, no sentido de que as cenas praticamente nunca se concluem. Os cortes são abruptos e quase sem sentido. Os personagens são desenhados por meio de pinceladas apressadas e não sobra tempo para qualquer reflexão. Ou seja, cinema polonês de qualidade está nas mãos de veteranos como Pavel Paulikovski de 60 anos que, em 2015, fez o genial “Ida”, Oscar de Melhor filme estrangeiro naquele ano. 

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