Magdalena Cielecka é uma das atrizes principais.
“Estados Unidos pelo Amor” deve ser o título de
impacto criado para dar nome a um filme polonês ambientado em 1990, justamente
no momento em que aquele país via destruído o seu projeto de socialismo
soviético e nada mais parecia dar certo. O diretor e roteirista é Tomasz Wasilewski,
um jovem de 37 anos que, com este projeto, ganhou o Urso de Prata no último Festival
de Berlim.
Pra começar, a fotografia é lavada e esmaecida, praticamente monocromática, num tom quase fúnebre e deprimente. Não há trilha sonora musical e os personagens quase não interagem – apenas se trombam uns com os outros. Todas as quatro figuras centrais são professoras e trabalham na mesma escola. Além disso, moram no mesmo prédio – um daqueles edifícios populares de cinco pavimentos ,sem elevador, em que os moradores não convivem, apenas se amontoam.
Na primeira cena, essas pessoas e seus maridos jantam em conjunto, provavelmente numa festividade cívica. São elas a diretora da escola, jovem e vaidosa, a já veterana professora de literatura, a instrutora sexy de ginástica, sempre sonhando em se tornar modelo, e a gerente de uma locadora de vídeo VHS. Essa a mais trágica das quatro, simplesmente porque está apaixonada pelo padre que atende a paróquia local.
Basta lembrar o peso e a seriedade que o culto católico tinha, e ainda tem, naquele país. O religioso nem desconfia, mas ocupa diariamente os sonhos eróticos daquela pessoa. Já a diretora da escola é obcecada pelo médico, há anos seu amante, numa história que ele quer encerrar, porque a sua esposa acabara de falecer. Uma história que tem tudo para terminar em violência.
Até aí, tudo bem. Estamos diante de uma farsa que lembra antigos dramas italianos neorrealistas. Mas o diretor Tomasz Wasilewski, batalhou pelo prêmio em Berlim, usando a seguinte estratégia: podendo complicar para que simplificar? A narrativa é um tanto misteriosa, no sentido de que as cenas praticamente nunca se concluem. Os cortes são abruptos e quase sem sentido. Os personagens são desenhados por meio de pinceladas apressadas e não sobra tempo para qualquer reflexão. Ou seja, cinema polonês de qualidade está nas mãos de veteranos como Pavel Paulikovski de 60 anos que, em 2015, fez o genial “Ida”, Oscar de Melhor filme estrangeiro naquele ano.
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