Isabelle Huppert é a protagonista do novo filme de Verhoeven
Chega aos cinemas mais um controvertido trabalho do
holandês Paul Verhoeven, muito procurado na recente 40ª Mostra internacional de
São Paulo. Há mais de 20 anos aquele cineasta lançava “Instinto Selvagem”, focalizando
uma figura feminina que impactou o publico da época pela agressividade sexual e
por conta de um componente de conotação maligna em sua personalidade. Sharon
Stone cruzava e descruzava as pernas, atribuindo assim uma marca gestual para a
sua personagem demoníaca. Aliás, muito menos ambígua e assustadora do que esta
Michele, interpretada por Isabelle Hupert. Na comparação com a francesa, aquela
mulher fatal americana mais parece uma santinha de colégio interno.
No que se refere à Michele, encarnada por Isabelle Hupert, nada é o que parece
ser. Ela é estuprada, dentro de casa, na primeira cena do filme e já surpreende
com a frieza de sua reação. Em vez de se queixar à polícia (o que é o mais devido), faz apenas um exame
de sangue para ver se foi contaminada. Mais tarde, se masturba ao espreitar um
jovem vizinho pela janela. E tem um caso com o marido da melhor amiga, ainda
que mantenha uma aparência diáfana e quase assexuada que, de fato, lembra as
loiras de Hitchcock. É generosa com a mãe e o filho, embora costume humilha-los
diante de todos. E assim por diante, essas oposições reunidas nessa mesma
personagem se sucedem, diversas vezes ao longo do filme. Até alcançar o supremo
e sintético paradoxo de uma pessoa que é, ao mesmo, tempo vítima e agressora.
"Elle" trata da dualidade humana em estilo de lembrar Hitchcock
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