Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Capitão Fantástico é, involuntariamente, uma parábola da história de Cristo


Viggo Mortensen (de amarelo) é o protagonista deste filme

Houve época em que o natal pautava diretamente a programação dos cinemas. Mais precisamente, entre os anos de 1950 e 1970, quando os adultos de hoje ainda eram jovens, sempre havia filmes natalinos em cartaz.
Alguns títulos eram reprisados todos os anos, como o lacrimoso melodrama espanhol “Marcelino Pão e Vinho”. Ou os épicos “Os 10 Mandamentos” (trailer acima) e “Ben Hur”. No entanto, o maior interesse ficava com filmes sobre a vida de Cristo. “O Rei dos Reis”, de Nicholas Ray, rivalizava com “A Maior História de Todos os Tempos”, de George Stevens. O mais incrível é essa tradição continua, ainda que disfarçada em roteiros de histórias recentes. 

Por exemplo, no próximo dia 22, em estreia internacional, será lançado “Capitão Fantástico”, com Viggo Mortensen no centro do elenco, ele que foi um dos heróis em “O Senhor dos Anéis”. Ambicioso, esse título teve destaque nos festivais de Cannes e Sundance deste ano. Provavelmente não houve essa intenção, mas ele funciona quase como uma parábola da trajetória de Jesus Cristo. Viggo Mortensen interpreta um visionário que vive afastado do mundo urbano, em companhia de seus 6 filhos. Na verdade seus discípulos, porque as crianças não frequentam a escola e o pai lhes ensina tudo o que elas precisam saber e que está contido na biblioteca de uma casinha no meio da floresta.

Num dos exageros de caracterização em que o filme às vezes escorrega, vemos que ele não ensina apenas o conteúdo dos livros, mas faz de seus filhos especialistas em Yoga e caçadores com treinamento militar. E todos são marxistas, oscilando entre o trotskismo e o maoísmo. Todos menos um, que se encanta com as benesses do capitalismo, na casa dos primos. E porque o roteiro precisava que um deles cumprisse a função de Judas.



Ficção narra a história de uma família bem distante dos padrões


Apesar de todas as boas intenções, a realidade cobra o seu preço e o nosso herói vai enfrentar a família do poderoso sogro. Esse é o papel de Frank Langella, atuando aqui como um misto de Nixon e Poncius Pilatus. Este é o primeiro longa dirigido pelo ator Math Ross, que, aliás,

já trabalhou em 44 filmes. Imitando um parlamentar politiqueiro, ele tentou contentar todas as tribos da plateia, de velhos hippies a novos republicanos. E assim, num esquema “self service” o filme “Capitão Fantástico” nos oferece dois finais... Nenhum dos dois satisfatórios.

Nenhum comentário: