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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Escritor de "Rogue One", Tony Gilroy tem notável carreira como cineasta


Tony Gilroy, diretor de "Conduta de Risco" e "Duplicidade"

As pessoas estranham ao ver o nome de Tony Gilroy como roteirista da aventura espacial “Rogue One - Uma História Star Wars”. Hoje de 60 anos, o novaiorquino vem consolidando a posição de um dos mais respeitados cineastas da indústria desde o final dos anos 1990, quando surpreendeu o mercado com o texto de “O Advogado do Diabo”, no qual criticava o sistema jurídico norte americano. Ao longo da carreira, ele produziu 5 títulos, entre os quais a prestigiada série “The House of Cards”. Escreveu 19 roteiros e dirigiu apenas 4. Entre eles, “O Legado Bourne”, no qual formatou esse personagem que protagonizou cinco filmes. Por isso é interessante rever os outros dois que ele escreveu e dirigiu, ou seja, os seus trabalhos mais autorais. São eles “Conduta de Risco”, de 2007, e “Duplicidade”, de 2009.        

A ideia para “Conduta de Risco” (trailer acima) deve ter surgido quando Gilroy pesquisava as grandes firmas de advocacia para “O Advogado do Diabo”. Ele imaginou um executivo que resolve se contrapor à própria empresa em que trabalha. Mais ou menos como o personagem Bourne – o agente da CIA que se transforma em inimigo n. 1 da instituição. Neste seu primeiro trabalho como diretor, ele mostra a enrascada em que se envolve um advogado que era do bem, mesmo sem sabê-lo.
Assim como o herói de “Rede de Intrigas”, que Sidney Lumet fez em 1976, o principal advogado de uma grande firma vivido por Tom Wilkinson enlouquece e começa a revelar os podres de seu maior cliente. Mas o protagonista do espetáculo é o personagem de George Clooney, seu colega e amigo que, por sua vez, vive uma dolorosa crise pessoal. Até para tentar se manter vivo ele não tem outra saída a não ser virar a mesa também. Como boa parte dos outros trabalhos de Tony Gilroy, “Conduta de Risco” reedita a luta de Davi contra Golias.

Já em “Duplicidade” (trailer acima) ele traz Clive Owen e Julia Roberts, além de Paul Giamatti e Tom Wilkinson. A trama até caberia na classificação de comédia de suspense, se não puxasse mais pelo sarcasmo do que pela comicidade. E se não apresentasse uma estrutura que joga com as expectativas que ela mesma vai oferecendo ao espectador. O casal de protagonistas se conhece em campos opostos, um trabalhando para a CIA e o outro para o serviço secreto britânico. 

Anos depois se reencontram, agora empregados no ramo de espionagem industrial, outra vez para patrões diferentes e que competem furiosamente entre si. O prazer da trama é ser enganado e desenganado sucessivamente pelas reviravoltas espiraladas com que Gilroy constrói o roteiro. Seu pano de fundo é guerra quente travada pelas indústrias farmacêuticas e a reflexão de como o futurologista italiano Roberto Vacca estava correto em seu livro “Il Mediovo Prossimo Venturo” (A Idade Média do Futuro, lançado em 1971). Ele dizia que a meta principal das grandes empresas seria a de se tornarem inexpugnáveis, assim como os feudos medievais. Dois filmes para ver e rever: “Conduta de risco” e “Duplicidade”. 

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