O Programa Cinema Falado está aqui em
Recife acompanhando o 17º Cine PE, o maior festival de cinema do país, colocando em
competição até o dia 02 a mais recente e inédita safra de filmes brasileiros. Em matéria de documentário, até agora vimos duas obras concebidas e dirigidas
por jornalistas: “Orgulho de ser brasileiro”, de Adalberto Pioto, e “Mazzaropi”
do crítico de cinema Celso Sabadin. Com todo certeza o melhor entre os dois é
este que se volta para o cinema brasileiro, analisando a contribuição daquele
que foi ao mesmo tempo cômico e empresário – um dos mais bem sucedidos de todos
os tempos, o caipira paulista Amácio Mazzaropi. Entre os entrevistados muita gente que traballhou ou tinha amizade pessoal como o criador do Jeca, como Selma Egrei, Hebe Camargo e Ronie Von (foto abaixo).
Algumas avaliações se apressam
em classificar como “clássico” este primeiro longa de Sabadin como
documentarista. Na verdade, ele se diferencia muito daquele estilo que se
formou já na década de 1920 (com cineastas como Flaherty e Grierson) e se manteve quase inalterado até os anos de 1960,
quando a tecnologia trouxe a portabilidade, ao diminuir o tamanho do
equipamento para captação do som e da imagem. “Mazzaropi” é, de fato, um
trabalho autoral (assim como é autoral uma tese acadêmica) construído a partir
de uma pesquisa histórica, seguido de uma infernal caçada em busca das melhores
imagens de arquivo, neste país que não cuida da sua memória e de uma criteriosa
escolha dos depoimentos mais significativos. Isso, além de um exercício de
modéstia e elegância ao se posicionar, assim como os célebres cineastas do
“cinema-verdade”, à sombra dos entrevistados, sem tentar impor seu ponto de
vista, nem aparecer à custa deles.
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