O Programa Cinema Falado está aqui em
RE acompanhando o 17º Cine PE, o maior festival de cinema do país, colocando em
competição a mais recente e inédita safra de filmes brasileiros. Nesta fornada de novidades, além dos filmes de longa metragem o festival possibilita também a
avaliação dos curtas produzidos atualmente. É importante observar com atenção
esse formato que permite a prática de todos os gêneros já existentes e a criação
de outros até então insuspeitados. Esse e o caso deste que até agora foi o mais
aplaudido do evento: “Iris” (foto acima) do iniciante paulista Kiko Mollica, apoiado pelo
roteiro do criativo, experiente e sempre bem humorado Jose Roberto Torero. Trata-se
de um filme que começa como uma peça de mistério quase abstrata, se transforma em
comédia familiar e em seguida se transfigura em história de horror. A novidade,
porém, é que toda essa variedade desenvolvida em apenas 14 minutos é
inteiramente narrada em câmara subjetiva do protagonista. Para complicar, esse
personagem é praticamente cego e o que vemos na tela é uma imagem escura e
desfocada. Mas o público entende tudo e morre de rir.
Outro destaque são os filmes paulistas de animação, cada vez mais
sofisticados em termos de forma e conteúdo: “Cadê meu Rango?” (foto acima), do iniciante George
Damiani, e o já conhecido e aplaudido “Linear” de Amir Admoni. Notável também,
especialmente pela surpreendente encenação e pelo apuro técnico é o mineiro “Os
Contratadores”, de Evandro Rogers, seguindo uma linhagem de criatividade e excelência formal que em Minas tem se manifestado. Uma encenação inventiva e angustiante que remete para uma espécie de inferno metafísico. (foto abaixo)
Há também o intrigante "Aluga-se" da paulista Marcela Lordy -- um filme que era para ser um documentário e que se transformou em ficção, sobre o tema da especulação imobiliária. Também de São Paulo, o simpático "O fim do filme" (foto abaixo) de Andre Dib é uma brincadeira romântica construída a partir de um contato de locadora que conta o fim do filme para os clientes. Do Rio de Janeiro, chama atenção o documentário poético "Confete", de Jo Serfaty e Mariana Kaufman que, pela linha do confete, documenta o alegre carnaval de rua do bairro de Santa Tereza.
Além deste, o carioca Eduardo Souza Lima mostrou "Três no Tri", encantadora reportagem sobre um fotografo veterano, autor de uma foto famosa batida durante campeonato de 1970 no México. E finalmente "Sagatio, Histórias de Cinema" (foto abaixo), do pernambucano Amaro Filho, uma instrutiva biografia de um iluminador que trabalhou na Vera Cruz e veio para o cinema do nordeste. Difícil escolher qual o melhor destes filme curtos que refletem a diversidade de talentos e pontos de vista do novo cinema brasileiro.
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