Entram em cartaz ao mesmo tempo dois filmes absolutamente
diversos que tratam do mesmo assunto: meninos vivendo a difícil passagem da
infância para a adolescência, ou seja, os protagonistas de “Frankenweenie” e de
“Diário de um Banana – dias de cão”. Se a animação de humor negro, em branco
e preto e em 3D, de Tim Burton chega ao mercado impulsionado pelos milhões que
a Disney sempre aplica em seus lançamentos, a comedia naturalista dirigida por David
Bowers (“Astro Boy” – 2009) – um competente diretor especializado em animações –
chega aos cinemas sem que a Fox tenha se empenhado muito no lançamento,
provavelmente confiando no imenso público dos livros em que baseia.
Trata-se de
uma série escrita por Jeff Kinney, um cartunista e desenvolvedor de videogames de
40 anos, agora vitorioso com as vendas do Diary
of a Wimpy Kid (“Diário de um banana”) que já ultrapassam 60 milhões de
cópias. Esse apelido remete ao amigo do marinheiro Popeye que só comia hambúrguer
– até hoje o protótipo da “junk food”. Mas também carrega o significado de “fracote”,
ou seja, um garoto avesso a qualquer tipo de atividade física, a não ser aquela
que envolve os dedos, durante a prática do videogame.
Por isso, Greg Heffley (esse
é o nome do “Banana”) poderia ser quase uma alma gêmea do jovem outsider Victor de “Frakenweenie”, se
tivesse como ele alguma curiosidade artística e intelectual e vivesse numa
época pré-informática e pré-internet. Tim Burton situou essa sua paródia de
Mary Shelley, num período em que os moleques ainda curtiam filmes super-8, levavam
a sério as competições escolares tipo “feira de ciências” e se espantavam como
a eletricidade podia movimentar as pernas de uma rã morta, no laboratório do
colégio. E, sobretudo, amavam os seus bichos de estimação a ponto de desejar resgatá-los
da morte, por meio de descargas elétricas capturadas dos raios em noites de
chuva, igualzinho ao clássico “Frankenstein” de James Whale (1931), com Boris Karloff.
Já o nosso contemporâneo Greg “Banana” Heffley apenas suporta o inoportuno cachorro
que seu pai lhe dera de presente, só para que ele aprendesse a “assumir
responsabilidades”. Provavelmente ele preferisse a companhia dos bichinhos
virtuais do Nintendo DSI, que não babam, não soltam pelo e não lhe acordam pulando
na cama dele. Enquanto “Frankenweenie” cria um ambiente soturno e alegórico na
improvável cidade de New Holland, em que seu herói se movimenta com certa dificuldade,
o roteiro de “Diário de um Banana 3 - dias de cão” satiriza de modo franco e direto
os absurdos da atual cultura americana a partir do ponto de vista de um garoto comum,
mas especialmente sensível.
Mais ou menos como fazia o cartunista francês Sempé,
em relação à Paris dos anos de 1950, por meio de seu personagem o pequeno Nicolau:
as idiossincrasias dos pais e vizinhos, somadas à mediocridade dos colegas e
parentes e reforçadas pela necessidade de “aproveitar a natureza e o ar livre”,
durante as férias de verão, isto é, os “dias de cão” mencionados no título. Além
das surpreendentes acuidade e leveza da maioria das piadas, o filme mostra uma
bem sucedida experiência de adaptação cinematográfica de um tipo de humor de
natureza gráfica e literária, mesclando a “live
action” com os desenhos originais de Jeff Kinney.
FRANKENWEENIE
Frankenweenie
EUA, 2012, 87 min, 10 anos
estreia 02 11 2012
gênero comédia / animação/ horror
Distribuição Disney.
Direção Tim Burton
COTAÇÃO
* * *
BOM
DIÁRIO
DE UM BANANA - DIAS DE CÃO
Diary of a Wimpy Kid: Dog Days
EUA, Canadá, 2012, 94 min, 10 anos
estreia 02 11 2012
Distribuçao Fox
Direção David Bowers
gênero Comédia / juvenil
COTAÇÃO
* * *
BOM
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