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domingo, 4 de novembro de 2012

“Frankenweenie” e “Diário de um Banana”: dois modos de ver o mundo por olhos infantis


Entram em cartaz ao mesmo tempo dois filmes absolutamente diversos que tratam do mesmo assunto: meninos vivendo a difícil passagem da infância para a adolescência, ou seja, os protagonistas de “Frankenweenie” e de “Diário de um Banana – dias de cão”. Se a animação de humor negro, em branco e preto e em 3D, de Tim Burton chega ao mercado impulsionado pelos milhões que a Disney sempre aplica em seus lançamentos, a comedia naturalista dirigida por David Bowers (“Astro Boy” – 2009) – um competente diretor especializado em animações – chega aos cinemas sem que a Fox tenha se empenhado muito no lançamento, provavelmente confiando no imenso público dos livros em que baseia. 
Trata-se de uma série escrita por Jeff Kinney, um cartunista e desenvolvedor de videogames de 40 anos, agora vitorioso com as vendas do Diary of a Wimpy Kid (“Diário de um banana”) que já ultrapassam 60 milhões de cópias. Esse apelido remete ao amigo do marinheiro Popeye que só comia hambúrguer – até hoje o protótipo da “junk food”. Mas também carrega o significado de “fracote”, ou seja, um garoto avesso a qualquer tipo de atividade física, a não ser aquela que envolve os dedos, durante a prática do videogame. 
Por isso, Greg Heffley (esse é o nome do “Banana”) poderia ser quase uma alma gêmea do jovem outsider Victor de “Frakenweenie”, se tivesse como ele alguma curiosidade artística e intelectual e vivesse numa época pré-informática e pré-internet. Tim Burton situou essa sua paródia de Mary Shelley, num período em que os moleques ainda curtiam filmes super-8, levavam a sério as competições escolares tipo “feira de ciências” e se espantavam como a eletricidade podia movimentar as pernas de uma rã morta, no laboratório do colégio. E, sobretudo, amavam os seus bichos de estimação a ponto de desejar resgatá-los da morte, por meio de descargas elétricas capturadas dos raios em noites de chuva, igualzinho ao clássico “Frankenstein” de James Whale (1931), com Boris Karloff. 
Já o nosso contemporâneo Greg “Banana” Heffley apenas suporta o inoportuno cachorro que seu pai lhe dera de presente, só para que ele aprendesse a “assumir responsabilidades”. Provavelmente ele preferisse a companhia dos bichinhos virtuais do Nintendo DSI, que não babam, não soltam pelo e não lhe acordam pulando na cama dele. Enquanto “Frankenweenie” cria um ambiente soturno e alegórico na improvável cidade de New Holland, em que seu herói se movimenta com certa dificuldade, o roteiro de “Diário de um Banana 3 - dias de cão” satiriza de modo franco e direto os absurdos da atual cultura americana a partir do ponto de vista de um garoto comum, mas especialmente sensível. 
Mais ou menos como fazia o cartunista francês Sempé, em relação à Paris dos anos de 1950, por meio de seu personagem o pequeno Nicolau: as idiossincrasias dos pais e vizinhos, somadas à mediocridade dos colegas e parentes e reforçadas pela necessidade de “aproveitar a natureza e o ar livre”, durante as férias de verão, isto é, os “dias de cão” mencionados no título. Além das surpreendentes acuidade e leveza da maioria das piadas, o filme mostra uma bem sucedida experiência de adaptação cinematográfica de um tipo de humor de natureza gráfica e literária, mesclando a “live action” com os desenhos originais de Jeff Kinney. 
FRANKENWEENIE 

Frankenweenie 
EUA, 2012, 87 min, 10 anos
estreia 02 11 2012
gênero comédia / animação/ horror
Distribuição Disney.
Direção Tim Burton 

COTAÇÃO

* * *
BOM

DIÁRIO DE UM BANANA - DIAS DE CÃO 

Diary of a Wimpy Kid: Dog Days
EUA, Canadá, 2012, 94 min, 10 anos

estreia 02 11 2012
Distribuçao Fox

Direção David Bowers

gênero Comédia / juvenil 

COTAÇÃO
* * *
BOM

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