Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

“A Origem dos Guardiões” retrabalha e recicla as lendas "educativas" para a infância

“A Origem dos Guardiões” é um novo produto da Dreamworks (“Schrek” e “Kung Fu Panda”) empresa fundada em 1994 por Steven Spielberg. É uma aventura  protagonizada por Jack Frost, uma espécie de Saci Pererê, loiro e de olhos azuis, dos países que tem neve. Trata-se de uma lenda de origem europeia, praticamente desconhecida no resto do mundo e que, por isso, no filme é tratado como se fosse invisível: um duende brincalhão, que preside a mania das crianças atirar bolas de neve umas na outras, e se encarrega de pintar de amarelo ou vermelho as folhas das árvores quando chega o inverno. 
O roteiro se caracteriza por permitir a convivência entre os seres fabulosos e os humanos comuns, com uma ação mirabolante, muito humor e momentos de poesia visual, como o sonho em que brontossauros dourados caminham pela cidade. Há uma ameaça que se manifesta com a volta do “Papão”, ou Boogeyman nos países de língua inglesa. Esta é uma figura quase universal criada pelos pais para incutir um “pavor educativo” nas crianças e que, no mundo de hoje tem perdido terreno para motivos muito mais reais e palpáveis para sentir medo. 
No filme, ele é representado por um jovem sinistro cuja aparência lembra Ivan o Terrível (1945) de Eisenstein, só que sem barba. Seus adversários são as lendas que, em vez de temor e insegurança, proporcionam alegrias e esperança para a criançada, ou seja, o Papai Noel, o coelho da páscoa, a fada do dente e o Sandman – aquele que nos presenteia com sonhos dourados. O objetivo do vilão é fazer com que ninguém mais acredite naquelas fábulas benfazejas. Há por traz desse enredo a ideia de que essas ilusões culturalmente instituídas sejam essenciais para a saúde mental dos pequeninos.
 Afinal, receber presentes em retribuição ao bom comportamento pode ser visto como uma forma de reforço positivo para o condicionamento social. Para engrossar esse time do bem, o marginalizado Jack Frost é convocado a se tornar um dos “guardiões” da felicidade infantil por um personagem misterioso, citado o tempo todo e que, no entanto jamais aparece no filme. É alguém que, no interior da narrativa, tem poderes quase divinos e pode influenciar os rumos da história. Como ele é chamado pelos demais de o “homem da lua”, é possível que signifique uma referência ao próprio Spielberg – esse mito vivo, idealizador do logo do menino pescador sentado naquela lua minguante que forma o logotipo da empresa produtora. 
A ORIGEM DOS GUARDIÕES 

Rise of the Guardians

EUA – 2012 – 97 min. – Livre
Distribuição Paramount
Direção Peter Ramsey
COTAÇÃO
* * *
BOM

Nenhum comentário: