“A Origem dos Guardiões” é um novo produto da Dreamworks (“Schrek” e “Kung Fu Panda”) empresa fundada em 1994 por Steven Spielberg. É uma aventura protagonizada por
Jack Frost, uma espécie de Saci Pererê, loiro e de olhos azuis, dos países que
tem neve. Trata-se de uma lenda de origem europeia, praticamente desconhecida
no resto do mundo e que, por isso, no filme é tratado como se fosse invisível:
um duende brincalhão, que preside a mania das crianças atirar bolas de neve
umas na outras, e se encarrega de pintar de amarelo ou vermelho as folhas das
árvores quando chega o inverno.
O roteiro se caracteriza por permitir a
convivência entre os seres fabulosos e os humanos comuns, com uma ação
mirabolante, muito humor e momentos de poesia visual, como o sonho em que
brontossauros dourados caminham pela cidade. Há uma ameaça que se manifesta com
a volta do “Papão”, ou Boogeyman nos países de língua inglesa. Esta é uma
figura quase universal criada pelos pais para incutir um “pavor educativo” nas
crianças e que, no mundo de hoje tem perdido terreno para motivos muito mais
reais e palpáveis para sentir medo.
No filme, ele é representado por um jovem
sinistro cuja aparência lembra Ivan o Terrível (1945) de Eisenstein, só que sem
barba. Seus adversários são as lendas que, em vez de temor e insegurança,
proporcionam alegrias e esperança para a criançada, ou seja, o Papai Noel, o
coelho da páscoa, a fada do dente e o Sandman – aquele que nos presenteia com
sonhos dourados. O objetivo do vilão é fazer com que ninguém mais acredite
naquelas fábulas benfazejas. Há por traz desse enredo a ideia de que essas
ilusões culturalmente instituídas sejam essenciais para a saúde mental dos
pequeninos.
Afinal, receber presentes em retribuição ao bom comportamento pode
ser visto como uma forma de reforço positivo para o condicionamento social. Para
engrossar esse time do bem, o marginalizado Jack Frost é convocado a se tornar
um dos “guardiões” da felicidade infantil por um personagem misterioso, citado
o tempo todo e que, no entanto jamais aparece no filme. É alguém que, no
interior da narrativa, tem poderes quase divinos e pode influenciar os rumos da
história. Como ele é chamado pelos demais de o “homem da lua”, é possível que
signifique uma referência ao próprio Spielberg – esse mito vivo, idealizador do logo do menino pescador sentado naquela lua minguante que forma o logotipo da empresa
produtora.
A ORIGEM DOS GUARDIÕES
Rise of the Guardians
EUA – 2012 – 97 min. – Livre
Distribuição Paramount
Direção Peter Ramsey
COTAÇÃO
* * *
COTAÇÃO
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BOM
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