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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Direto do Distrito Federal: boletim do Festival de Brasília do Cinema Brasilero


Hoje à noite começa a mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de número 45, de fato o mais antigo, hoje o mais importante do país. Por que? Em primeiro lugar, porque é o mais abrangente. Só aceita filmes inéditos. Ou seja, nenhum dos que concorrem já estiveram em outros festivais. São 6 filmes de ficção e 6 documentários, fora 18 curtas concorrendo a 635 mil reais em prêmios. Isto é, a partir de 600 filmes inscritos, 30 títulos foram selecionados para competir. Não só pelo dinheiro, mas também pela visibilidade que a obra adquire no mercado. Além disso, o Festival de Brasília acredita que o evento não pode ter o mesmo esquema de um campeonato esportivo e desenvolve uma programação cultural muito oportuna e significativa. Talvez por conta da sua ligação umbilical com a Universidade. Por exemplo, durante três tardes, os mais importantes críticos e pesquisadores de cinema do país se reúnem para reverenciar a memória de Paulo Emílio Salles Gomes, o crítico paulista que ajudou a fundar o festival há 45 anos. Isso será feito por meio do lançamento de um livro sobre ele e de um seminário em que se discutirão os rumos do cinema brasileiro e o pensamento a respeito dele, bem como o papel da crítica nos dias de hoje.
Na sessão de abertura do Festival de Brasília, foi exibido fora de concurso o filme “A Última Estação” do produtor e diretor radicado em Brasília Marcio Curi, cujas imagens ilustram  esta matéria. O roteiro do paulistano Di Moretti focaliza um imigrante libanês (Munir Maasri) e muçulmano que veio para o Brasil em 1950 e que em 2001, enquanto as torres gêmeas de Nova York eram derrubadas pelos terroristas, ele resolve procurar seus velhos amigos de infância pelo país. Cinco jovens árabes e muçulmanos que, junto com ele no mesmo navio, vieram em busca de prosperidade. De fato, seus descendentes entre nós (um deles é prefeito e outro concorre à Prefeitura de São Paulo) hoje formam uma população maior do que a de muitos países do Oriente Médio, um destes certamente é o próprio Líbano, de onde veio, aliás, a maior parte do capital aplicado na produção do projeto.
Trata-se, portanto, de um caso inédito de co-produção Líbano/Brasil que mostra o quanto a sociedade brasileira está aberta apara a diversidade cultural e religiosa. Assim como a do Líbano, cujo povo aceita e celebra a convivência harmoniosa entre cristãos, judeus e muçulmanos. No elenco se misturam atores árabes e brasilienses com destaque para Elisa Lucinda e o veterano Munir Maasri. Antes da apresentação do filme, o Festival de Brasília colocou em prática uma excelente ideia: chamou a orquestra sinfônica do Teatro Nacional Nacional para executar ao vivo o principal do tema do filme. Em suma, os militantes islâmicos que estão revoltados com um determinado filme americano deveriam assistir este de Marcio Curi, para se acalmarem em relação ao cinema ocidental, com este filme que homenageia a tolerância étnica e religiosa.
O filme se refere com profunda ternura a todos esses homens e mulheres que abandoram com tristeza a sua terra e que, no entanto, se integraram com impressionante rapidez à cultura do país que os acolheu. E tudo isso é dito com humor. Logo ao desembarcar em 1950, por exemplo, um personagem libanês pergunta ao patrício que o recebe: "por que os brasileiros estão chorando". O outro explica que é por terem perdido a Copa do Mundo de futebol, mas que tentarão a revanche 4 anos mais tarde. O comentário risada na certa: "então eles só poderão voltar a ser felizes daqiui a 4 anos?"
 

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