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terça-feira, 4 de setembro de 2012

O drama histórico "A Rebelião" é um excelente exemplo no novo cinema francês.


Mathieu Kassovitz é uma das personalidades mais ativas do atual cinema francês. Aos 45 anos, ele já trabalhou como ator em 35 filmes (foi protagonista em “O Fabuloso destino de Amelie Pulain” - 2001) e dirigiu 12. Entre os quais, títulos de ação como “Rios Vermelhos” (2000) e de temática social, como “O Ódio” (1995). Agora ele nos oferece “A Rebelião”, um primoroso docudrama escrito, dirigido e interpretado por ele mesmo. Aborda  um acontecimento especialmente polêmico da história política da França, ocorrido em 1988, na Nova Caledônia – uma ilha da Melanésia francesa. Em abril daquele ano, um grupo de separatistas tomou como reféns 27 soldados, nas imediações da cidade de Ouvea, capital da colônia. Nas altas esferas do governo, passou-se a discutir se deveria haver uma negociação ou se os rebeldes seriam eliminados sumariamente, como criminosos. 
Reconstituir um fato histórico recente é às vezes mais complicado do que trabalhar com uma data mais remota, porque ainda não há aquele afastamento cronológico, depois do qual as dúvidas e perplexidades costumam ser decantadas. O título original da obra é L’ordre et La Morale, ou seja, “A Ordem e a Moral” – já indicando o tipo de enfoque adotado pelo diretor para a descrição e a análise daquele episódio. Com muita competência, aliás, ele interpreta o papel central: um militar especializado em negociação, nos casos daquela natureza, e que chegou a articular com seus contatos socialistas na presidência da república para evitar a mortandade, que passaria para a história como “O Massacre de Ouvea”. 
O fato mais curioso e significativo é que, na ocasião, a presidência da república experimentava o raro caso de “coabitação” num sistema democrático, isto é, o presidente era o socialista François Mitterand, mas o primeiro ministro era o conservador Jacques Chirac. Numa debate pela TV, que é incluído de modo estratégico na narrativa, o esquerdista defende os revoltosos em seus motivos, enquanto o direitista os classifica como selvagens e terroristas. Mas, para ver o que realmente ocorreu e se escandalizar mais uma vez com o cinismo de determinados políticos, é preciso ver “A Rebelião” que, a propósito, adota o estilo do suspense, evitando as cansativas discussões ideológicas que poderiam prejudicar a fluência do roteiro. Este filme é mais uma comprovação de que o cinema francês vive uma nova era em sua trajetória.
A REBELIÃO 

L’ordre et La Morale
estreia 31 08 2012
gênero docudrama / história /política/ 
 França, 2011, 136 min, 14 anos.
Distribuição Imovision 
Direção Mathieu Kassovtiz 
Com Mathieu Kassovitz, Iabe Lapacas, Malik Zidi
COTAÇÃO

* * * * 

ÓTIMO

Um comentário:

Enaldo Soares disse...

Este é um filme que me interessa mesmo ver.