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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"É Apenas o Fim do Mundo", de Xavier Dolan, é um dos melhores filmes do ano


Gaspar Ulliel é o protagonista do novo longa do diretor canadense

Neste ano, lá em Cannes, o filme “É Apenas o Fim do Mundo” ganhou o Grande Prêmio do Júri, que equivale a um segundo colocado na disputa pela Palma de Ouro. O jovem diretor Xavier Dolan, de 28 anos, ficou inconformado com o fato de alguns membros do júri terem preferido o filme “Nascido Para Lutar”, com Sylvester Stalone. Para ele é isso o que significa, na verdade, o fim do mundo.

Acima de tudo, o cineasta franco-canadense Xavier Dolan é apaixonado por Marion Cotillard. A paixão do controvertido autor de “Eu Matei Minha Mãe” por esta que é, de fato, uma das mais talentosas atrizes francesas do momento é tão grande que, para contracenar com ela, ele convocou outros nomes de primeira grandeza no cinema francês atual: Vincent Cassel e Lea Sidoux. Sem falar da célebre Natalie Baye, uma das preferidas de François Truffaut, que já atuou em 99 filmes. O protagonista, porém, não é nenhuma dessas estrelas, mas o emergente Gaspar Ulliel, que vimos recentemente na pele de Yves Saint Laurent.

O detalhe é que todos personagens se acham em cena durante o filme inteiro e sempre com a lente da câmera colada em seus rostos. São raras as cenas em que os intérpretes são filmados de corpo inteiro, de modo que Dolan pratica o que poderia ser chamado de uma dramaturgia do olhar ou, melhor dizendo, da expressão facial. Os diálogos dizem muito, em função mesmo do roteiro: um escritor não vê a mãe e os irmãos há 12 anos. Ao se saber contaminado pela AIDS, ele vai visitá-los para comunicar que está prestes a morrer. A intensidade das conversas é tanta que, numa das passagens mais longas e contundentes, o diretor decide filmar Gaspar Ulliel e Vincent Cassel de costas.

Marion Cotillard encena uma das cenas mais belas do cinema recente

Há alguns poucos flashbacks, mas é no confronto direto entre personalidades tão distintas que o filme se constrói. Ulliel interpreta um dramaturgo bem sucedido que deixa para trás o provincianismo de sua terra natal e de seus parentes. Cassel, é o irmão recalcado e embrutecido, Sidoux, a irmã reprimida e viciada em drogas e Baye a mãe alienada pela ausência do marido. A única figura que se comunica humanamente com o personagem central é Cotillard, responsável por um dos diálogos mais tocantes do cinema atual – até porque as falas se colocam sempre na contra mão dos olhares. “É Apenas o Fim do Mundo” acaba de chegar ao mercado, mas, desde já, tem seu lugar reservado entre os melhores da temporada. 

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