Lançada em DVD pela Versátil a
célebre Trilogia da Incomunicabilidade
de Michelangelo Antonioni (1912-2007), numa caixa com três discos, repleta de
informações adicionais, como reportagens, entrevistas e depoimentos do autor e
de outros cineastas sobre estas obras-primas dos anos de 1960: “A Aventura”, “A
Noite” e “O Eclipse”(foto abaixo: Alain Delon e MonicaVitti). A surpresa começou no início da década com o diretor
recorrendo a planos sequencia em tomadas bem abertas, nos quais a perplexidade
e o tédio dos personagens incluía o ambiente em que eles se deslocavam. “A
Aventura” (foto acima: Monica Vitti e Gabriele Ferzetti), o primeiro da série se situa numa ilha vulcânica do Mediterrâneo em
que uma mulher rica desaparece e, enquanto a procuram, um relacionamento se
inicia entre seu namorado e a melhor amiga.
Numa entrevista de 1970, Antonioni
dizia: “Talvez em todos os meus filmes eu esteja procurando as pegadas dos
sentimentos humanos, num mundo em que elas foram enterradas para dar lugar à
aparência: um mundo em que os sentimentos obedecem às relações públicas”. Ao
longo da trilogia, ele foi simplificando o seu processo de trabalho. Após
terminar “A Noite” (foto abaixo: Marcelo Mastroiani e Jeanne Moureau), declarou que passara a dar mais importância à verdade
contida em cada cena do que até mesmo à narrativa: “Abandonei parte da bagagem
técnica, eliminando as transições lógicas entre as sequencias” – dizia – “Cinema
não é imagem, paisagem, postura, gesto. Mas um todo indissolúvel, com uma
duração que lhe é própria e que determina a sua essência”. De fato, mais do que
histórias com começo, meio e fim, as obras de Antonioni podem ser vistas como
poemas cinematográficos.
2 comentários:
Eu assisti "A Noite" na década de oitenta. Parceu-me um soporífero filme sobre relacionamentos bem ao gosto do que foi feito no cinema brasileiro por algum tempo.
Como o Walter Hugo Khoury
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