Poster da 40º edição da Mostra de SP
Além do Halloween que, por influência da cultura norte americana, transforma horror em brincadeira, o final de outubro traz para os cinéfilos de São Paulo uma espécie de doce pesadelo. Ou seja, o problema é conciliar o desejo de assistir as centenas de filmes oferecidos pela Mostra Internacional com a inevitável limitação imposta pelo tempo. Por serem novos, a maioria desses títulos são inéditos em todo o mundo e, portanto, são escassas as referências que poderiam permitir alguma seleção anterior. E isso quase transforma a escolha de cada programa numa espécie de jogo de adivinhação.
A organização desta que é a Mostra de
número 40 procura amenizar essa angústia por meio de sessões especiais para os
jornalistas. Mas é duro aceitar o fato de que muitos títulos tentadores deverão
ser descartados nas decisões finais. Essa mesma dificuldade de decidir parece
ter marcado a comissão julgadora da Premiere Brasil, como é chamada a Mostra
Competitiva do Festival do Rio encerrada há pouco mais de uma semana. Os
jurados resolveram lotear os prêmios principais, distribuindo-os entre os
concorrentes. O de melhor ator foi retalhado em dois, para Nelson Xavier e
Julio Trindade. O mesmo aconteceu com o de Melhor fotografia, para Heloisa
Passos e Fernando Lockett.
O diretor italiano Marco Bellocchio, homenageado nesta edição da Mostra
Espalhada em 35 salas de cinema, por sua vez a Mostra Paulista tira
partido de seus quarenta anos de experiência e desenvolve uma programação mais
orgânica, montada em torno de figuras emblemáticas do cinema mundial
contemporâneo. Isto é, um cinema que procura integrar tendências aparentemente
antagônicas, como os filmes de entretenimento e aqueles comprometidos com as
discussões políticas, históricas e sociológicas da atualidade. Essa característica
fica corporificada na figura do cineasta Marco
Bellocchio, homenageado nesta 40ª edição, quando
receberá o Prêmio Leon Cacoff pelo conjunto da carreira.
Outro cineasta emblemático dessa ligação
entre o cinema e as questões mais graves do planeta e que receberá o Prêmio
Humanidade é o polonês Andrzej Wajda. Ele que também traz a política e a
história no DNA de seu trabalho. Outros cineastas a serem revisitados e
celebrados, principalmente por suas trajetórias, no decorrer da Mostra são
Kieslowski, Jim Jarmusch, Paul Verhoven, Ingmar Bergman, Paolo Sorrentino e o
saudoso Hector Babenco.
No campo dos filmes nacionais, a grande
expectativa é para "Pitanga", um dos preferidos da crítica no Festival do Rio.
Trata-se de um documentário sobre aquele ator, dirigido por Beto Brant e por
Camila Pitanga. Mas, em busca de um qualificativo para ilustrar, de modo geral,
a qualidade do contingente dos filmes programados na 40ª Mostra, basta dizer
que entre eles se encontra nada menos que 10 dos pré-candidatos ao Oscar de
filme estrangeiro.
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