Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Em “A Invenção de Hugo Cabret”, Scorcese louva e glorifica a história do cinema

“A Invenção de Hugo Cabret” é uma produção ambiciosa e realizada com todo o entusiasmo por Martin Scorcese, que tem como missão de vida divulgar o patrimônio cultural do cinema. Ele que financiou a restauração de vários filmes antigos conta a história verídica de como Georges Méliès (1861-1938), um dos pioneiros do espetáculo cinematográfico, chegou à década de 1930 na miséria e completamente esquecido. Ben Kingsley (“Gandhi”) elabora uma cópia quase idêntica da aparência física de Méliès, enquanto Scorcese reconstitui cenas de seus filmes e momentos de suas filmagens como se fossem um delirante parque de diversões. Ele chega a fazer o papel de um fotógrafo que aparece para registrar Méliès, seu estúdio e sua equipe, no auge do processo criativo em que se misturavam circo, aventura, arte e técnica à malandragem do ilusionismo.
Mas tudo no filme acontece por meio de um personagem fictício criado pelo escritor Brian Selznick (da família de David Selznick, produtor de sucessos como “E o Vento Levou”), um menino órfão que vivia escondido na estação de trem onde o velho mago do cinema vendia doces e brinquedos para sobreviver. Até esbarrar com a neta dele (Chloe Moretz de "Deixe ela entrar"). Sempre se esquivando de um policial que o persegue (Sacha Baron Cohen de “Borat”), a meta desse personagem interpretado pelo garoto Asa Butterfield é desvendar o segredo do funcionamento de um autômato movido a corda, como um relógio, que seu pai (Jude Law de “Sherlock Holmes”) tinha construído antes de morrer. O sentido desse boneco animado permanece obscuro quase até o final.
A função do rapaz no projeto, porém, é instaurar um clima de fábula para crianças, repleto de peripécias e correrias, para garantir a necessária identificação com as platéias mais jovens e talvez mais distantes do conhecimento histórico referente à trajetória do cinema ao longo do século XX. É surpreendente como o filme associa a sensação de aventura e risco que marca o início do cinema ao frenesi das narrativas infantis. Naquela mesma época em que se passa o filme de Scorcese, em Hollywood surgia o cinema falado, exilando para a gaveta obras primas como “Metropolis” (1926) do alemão Fritz Lang, no qual a heroína é substituída por um robô sem alma. Uma frase desse filme que se tornou famosa é “sem o coração, não pode haver entendimento entre a mão e o cérebro”. Ou seja, numa interpretação ligada ao tema de “A Invenção de Hugo Cabret”, os avanços da tecnologia como o som e o digital não vieram para anular o que foi feito anteriormente e sim para abrir novas possibilidades de criação.
A INVENÇÃO DE HUGO CABRET
Hugo
EUA, 2011, 126 min, livre
estreia 17 92 2012
gênero aventura / história / comédia
Distribuição Paramount
Direção Martin Scorsese
Com Ben Kingsley, Asa Butterfield, Chloe Moretz
Sacha Baron Cohen,Jude Law,Christopher Lee
COTAÇÃO
* * * * *
EXCELENTE

2 comentários:

Anônimo disse...

O Sr. ainda não assitiu a "2 Coelhos"?
É um ótimo filme. Sua distribuição foi errada, sendo vendido como filme para adolescentes (devidos aos vários efeitos especiais). Mas é um belo drama marginal, com roteiro intrincado que só se revolve no fim. Não foi bem de bilheteria por esse erro. A maoria dos críticos e até a "Veja" aprovou.

Abraço,


Mauricio

Luciano Ramos disse...

Infelizmente não pude ver...