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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

"A Dama de Ferro": caso raro de docudrama a um só tempo político e poético

Muita gente supunha que “A Dama de Ferro”, filme biográfico sobre Margareth Tatcher que governou a Inglaterra entre 1979 e 1990, contivesse acusações e denúncias sobre a sua administração conservadora. Em outras palavras, que fosse um apedrejamento cinematográfico semelhante ao que foi feito com Nixon, Idi Amim e outras figuras do passado político mais recente que abusaram de seu poder. Com essa expectativa, torceram o nariz para o filme que somente entrega o que prometeu e não aquilo que esses comentaristas imaginaram. A idéia é elaborar um docudrama quase subjetivo,isto é, sem a frieza descritiva de muitos filmes desse gênero, desenvolvendo uma narrativa do ponto de vista da ex-primeira ministra tal como ela se encontra atualmente, ou seja, uma anciã de 87 anos que, desde 2002 não se pronuncia mais publicamente porque se acha sofrendo do mal de Alzheimer.
Essa é a dificuldade e também o encanto do roteiro que a mostra já fora do poder, conversando com o marido morto e tendo dificuldade de se lembrar exatamente como as coisas aconteceram. Falo do complicado processo histórico que a levou a exercer o governo de um modo especialmente enérgico e que, como também aconteceu com os do Partido Trabalhista, apresenta aspectos positivos e negativos. Em alguns momentos, o filme impressiona pela tenacidade e pelo idealismo desta que foi a primeira mulher a assumir a chefia do governo na Inglaterra, desde a rainha Elizabeth no século XVI. Em outros, comove com as passagens poéticas em que a vemos frágil e falível como qualquer ser humano. E acima de tudo o louva-se o inigualável talento de Meryl Streep que corre o risco de com ele levar o 3º Oscar da carreira, por não apenas ter incorporado a personagem histórica, mas ter revelado dramaticamente, inclusive por meio da expressão corporal, a passagem do tempo sobre ela.

A DAMA DE FERRO
The Iron Lady
estreia 17 02 2012
gênero docudrama / política
Reino Unido, 2012, 105 min, 12 anos
Distribuição Paris Filmes
Direção Phyllida Lloyd
Com Meryl Streep, Jim Broadbent
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

3 comentários:

Enaldo Soares disse...

Vou ver este filme por estes dias. Mas estas reabilitações de figuras nefandas parecem palestras aborrecidas de pedagogas.

Luciano Ramos disse...

Mas este é bacaninha

Enaldo Soares disse...

Nossa, se não fosse a ótima interpretação da Meryl Streep (que, mesmo assim, às vezes perde por segundos a personagem) este filme daria um bom comercial para as Olimpíadas de Londres. Puro "rehab movie".