Lançado em DVD pela Versátil, “Lenny” − filme que Bob Fosse dirigiu e Dustin Hoffman interpretou em 1974, sobre a vida e a morte de Lenny Bruce, o mais inteligente e engraçado standup comic americano de todos os tempos. O filme concorreu a seis Oscars, mas não levou nenhum e nem teve grande bilheteria, porque tinha cara de filme europeu, claramente influenciado por Fellini, Antonioni e Peter Watkins, o criador do docudrama. Mas Valerie Perrine ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes e Fosse foi premiado pela associaçãodos roteiristas nos EUA. Foi um dos primeiros produtos de Hollywood a se abrir para mudanças estruturais e de conteúdo. Em 1974, auge da ditadura, nem se cogitou em importar o filme para o Brasil. Essa obra, portanto, vale como documento histórico para o cinema e para a cultura ocidental. Aproveito para reproduzir trechos do ensaio que eu escrevi na Folha de São Paulo em 1980, quando o filme foi lançado no Brasil.
“No começo dos anos 60, Bruce ficou famoso por ser um dos primeiros comediantes a dizer palavração em cena, chegando a ser preso por causa disso. Transformado em bandeira viva da liberdade de expressão no show business, não conseguiu manter o precário equilíbrio numa existência dividida entre o papel de rebelde e a necessidade de enfrentar inúmeros problemas de ordem pessoal. Só que Lenny Bruce não vale apenas como mártir da contra cultura, ainda que seus processos judiciais servissem para ampliar os limites do bom comportamento em todos os palcos da América, inclusive no cinema."
Abaixo, o verdadeiro Lenny Bruce em sua primeira prisão
"As gravações de seus monólogos revelam um humorista completo, com total domínio de cena, imensa flexibilidade vocal e capacidade para colocar em termos populares complexas reflexões sobre religião e moral.Dustin Hofman realiza um trabalho magistral personificando Lenny. Chega a recriar até a voz e a aparência do cômico. Se em alguns momentos parece exagerado, isso se deve à própria exacerbação emocional e ao clima patético em que Lenny viveu. Isso, ao som de uma belíssima trilha, com peças de Thelonious Monk e Miles Davies.”
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Um comentário:
luciano, otima recomendaçao, lembro que quando ve na televisao adorei vou rever pra saber se nao envelheceu.
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