Quase 70 anos após a publicação do livro
“Autobiografia de um Yogue”, a associação fundada por seu autor decidiu
produzir um longa metragem sobre ele, o guru Paramahansa Yogananda. Ele morreu
em 1952 depois de ter fundado a Self Realization Fellowship, isto é, a associação
que financiou este “Awake”, ou seja, “Desperto”, e que resolveram deixar assim
mesmo em inglês, com o subtítulo : “A Vida de Yogananda”.
O filme é mais diretamente indexado como documentário, porque descreve a
trajetória desse sábio indiano com impressionante abundância de registros em
matéria de fotos e filmes nos quais ele aparece ensinando o que se chamava de
Kryia Yoga – uma modalidade de prática que também trabalha com exercícios
físicos, no entanto, atribui mais importância à meditação e às técnicas de
purificação do organismo. Na verdade, Yogananda se diferencia de outros mestres indianos por ocupar uma posição intermediária, entre todos esses que difundiram a sua doutrina no Ocidente. Não fundou uma linha devocional ou religiosa, como esta que é professada pelos Hare Krishna de Prabupada. E nem uma filosofia que se pratica com o corpo e com a mente, como fazem as escolas de Pattabhi Jois e Ayengar. Principalmente, preocupou-se em atribuir uma conotação quase ecumênica ao estabelecer pontes doutrinárias entre o cristianismo e o Yoga antigo bem como, entre a ciência moderna e a espiritualidade milenar. De certa maneira, ele abriu caminho para o que hoje se chama de física quântica.
E não vacilava em estimular tanto o isolamento do eremita quanto o ativismo
político. Ele que criticou o racismo nas leis americanas nos anos de 1930, foi
para a Índia dar apoio ao Mahatma Ghandi em sua luta pela independência na
década seguinte. (FOTO ACIMA) E tentou se comunicar em Hollywood com os artistas de cinema. Foi de artistas como George Harrison, bem mais tarde, que veio o apoio mais importante. Dirigido pela experiente documentarista Lisa Leeman, o filme alterna momentos
de jornalismo histórico com explicações muito claras sobre o pensamento do
protagonista. Principalmente coloca Yogananda em ação, tirando partido de uma
impressionante presença física e da indescritível ambiguidade em seu olhar. E
em sua voz, que se exprime num inglês esquisito – provavelmente parecido com
aquele falado pelos soldados britânicos quando chegaram à Índia em meados do
século XVIII.
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