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segunda-feira, 25 de março de 2013

O melhor filme brasileiro em cartaz continua sendo “A Busca”, de Luciano Moura


Trata-se de uma produção paulista de qualidade técnica e artística bem acima da média atual. Por trás dos acertos que marcam este projeto acha-se Fernando Meirelles e cuidado com que ele cerca suas realizações. Esta já foi por alguém chamada de “aquele filme argentino feito em São Paulo”. Esse comentário um tanto venenoso, porém, não se encontra totalmente fora da realidade. Assim como geralmente ocorre no cinema argentino, de fato, este longa-metragem de estreia de Luciano Moura não está preocupado em elaborar denúncias, discursos ou teses sobre a nossa realidade social, apesar de se mostrar fiel a ela. Parte de uma proposta dramática simples, mas humana o bastante para manter a nossa atenção em torno de um pai desesperado que parte numa busca frenética, quase alucinada, do filho adolescente que foge de casa. 
Wagner Moura, aliás, sem qualquer parentesco com o diretor – responsável pelas séries televisivas “Antônia” e “Os Filhos do Carnaval” – interpreta com o máximo de entrega esse pai que percorre os mais desencontrados ambientes, seguindo pistas de modo geral inconsistentes, munido apenas de coragem e intuição. O dado de originalidade na historia é que o garoto, sem recursos para fugir de motocicleta ou de automóvel, usa um cavalo como meio de transporte. Quem resumir o enredo do filme poderá considerá-lo simples demais: um médico que sai pelo mundo à procura do filho desaparecido. 
Na verdade, entretanto, essa sinopse é apenas o fio condutor para uma série de pequenos episódios, todos originais e surpreendentes, que formam essa trajetória. Eles funcionam praticamente como um conjunto de curtas metragens, com relativa autonomia uns dos outros, cada um deles montado a partir de personagens fortes e situações inesperadas. É o caso do parto de emergência que o protagonista é obrigado a fazer, ao encontrar um grupo de jovens que acampara perto de uma rave. Ou da briga quase mortal com um camponês que vestia uma camiseta idêntica à que o menino usava no dia da fuga. 
A principal qualidade dessa narrativa, porém, é que o personagem vai se alterando ao longo dela, até o momento final em que ele se encontra capaz de compreender o nó, o pântano em que a sua vida se estacionara. E, portanto, partilhar conosco a essência desse drama que passa ser inteligível por todos nós, ao ultrapassar o limite de uma desgraça pessoal e mostrar a amplitude desse sofrimento que atinge a humanidade por inteiro. Ou seja, o conflito sem fim entre pais e filhos e todas as dores e asperezas – inevitáveis na passagem da infância para a maturidade. No conjunto da encenação, tudo funciona: desde o roteiro de Elena Soarez (“Casa de Areia” e “Eu, tu, eles”) até a cenografia, a música, os figurinos e o trabalho dos coadjuvantes. Com destaque para a sensível Mariana Lima (“Sessão de Terapia”) no papel da mãe, e de Lima Duarte, numa atuação especialmente notável e emocionante.
A BUSCA

Brasil – 2012 – 96 min. – 12 anos
Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes
Direção: Luciano Moura
Com Wagner Moura, Mariana Lima, Lima Duarte e Brás Antunes
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO 

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