A prefeitura de Paulínia extinguiu o seu Festival de Cinema que, apesar de uma curta carreira, já tinha se colocado entre os cinco mais importantes do país, ao lado dos de Brasília, Gramado, Pernambuco e Ceará. A esfarrapada desculpa é a necessidade de priorizar projetos sociais da cidade − como se Paulínia, com sua refinaria, não fosse um dos municípios mais ricos do Brasil. Há, no entanto, a esperança de que Edson Moura, o principal concorrente do prefeito José Pavan Junior o derrote nas próximas eleições e ressuscite o Festival. Porque foi Moura, quando foi prefeito na gestão anterior, quem criou o pólo de produção e o Festival de Cinema da cidade. Pavan afirmou que Paulínia continuará a apoiar e investir nos longas e curtas produzidos no Polo Cinematográfico. Mas, segundo nosso colega João Nunes, “o edital de 2011 (que deveria ter sido anunciado no final de 2010) não saiu, assim como o de 2012 (que deveria ter sido anunciado no final do ano passado). O de curtas vai completar dois anos em julho. Nenhum deles saiu. O prefeito repete o que tem dito desde então: ’Vão sair o mais breve possível’. Ou seja, não vão sair. Ainda tem filmes do edital de 2010 sendo feitos aqui. Agora, isso tudo pode mudar caso ele perca as eleições”. Ocorre, porém, que essa atitude foi francamente eleitoreira porque a prefeitura de Paulínia alega que “os cerca de R$ 10 milhões que seriam investidos no Festival de Cinema, serão direcionadas para os trabalhos realizados na área social, como, construção de novas escolas, casas, saúde e nos programas do meio ambiente”. Toda a comunidade do cinema brasileiro lamenta dolorosamente o ocorrido, em especial os críticos, como ficou registrado na Carta Aberta ao Prefeito, enviada há pouco pelo presidente da Associação Brasileira dos Críticos de Cinema, a ABRACCINE.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Adeus, Festival de Cinema de Paulínia...
Carta aberta da Abraccine ao Prefeito de Paulínia
A Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) recebe com muito pesar o comunicado de que o Festival de Cinema de Paulínia não será realizado este ano. A nota do prefeito José Pavan Jr. afirma que a alocação de recursos destinados ao festival em outras prioridades (saúde, educação, moradias populares) tornou a decisão inevitável. Como cidadãos, entendemos a construção de moradias populares, e o investimento em educação, saúde e meio ambiente deveriam mesmo ser prioridades constantes de qualquer municipalidade, e não apenas em anos eleitorais. Já como profissionais de cinema, lamentamos a descontinuidade de um projeto muito bem formatado e de grande repercussão nacional. Em poucos anos, Paulínia criou um Polo Cinematográfico, uma Escola de Cinema e um festival que se tornaram exemplares. O festival, ora em compasso de espera, era justamente a vitrine de toda essa atividade. Reunia em Paulínia produtores, cineastas, atores e atrizes, jornalistas e críticos de todo o País. Formava público para os filmes brasileiros. Criava empregos na cidade e beneficiava a autoestima dos seus habitantes. Muitos novos projetos surgiram desses encontros anuais entre profissionais de diversos estados da federação. Foi dessas reuniões, por exemplo, que nasceu a nossa própria instituição, a primeira associação nacional de críticos de cinema, o que faz com que tenhamos carinho especial com Paulínia. Todo esse patrimônio simbólico corre o risco de se perder, ao sabor de conveniências políticas de momento. Esperemos que a fresta de esperança aberta no comunicado do prefeito resulte na realização do festival em 2013. Mas ressaltamos, desde já, que é perda irreparável o cancelamento da edição de 2012. Eventos importantes firmam sua tradição pela continuidade. Assinado. Luiz Zanin Oricchio (presidente da Abraccine)
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3 comentários:
Que absurdo!!!
Eleições...
Será mesmo o fato das eleições municipais? Aguardemos o ano que vem pra ver se voltam...
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