Logo nas primeiras sequencias de “Meu País” fica evidente a presença de um diretor de mão firme e sensibilidade. Alguém que domina a técnica e a linguagem do meio. Trata-se de André Ristum em seu primeiro longa metragem. Filho de pais incompatíveis com a ditadura, ele nasceu em Londres (1971), cresceu na Itália e se formou em cinema em Nova York. Aos três anos de idade, concoreu com um curta-metragem no primeiro Festival de Super 8 da Itália. Desde a infância, André conviveu com cineastas do porte de Antonioni, inclusive porque seu pai trabalhou como assistente de direção em “La Luna”, que Bernardo Bertolucci fez em 1979. Ele era o sociólogo paulista Jirges Ristum, que se tornaria um dos amigos mais próximos de Glauber Rocha. Mais tarde, em 1996, foi o próprio André que exerceu a função de assistente de Bertolucci em “Beleza Roubada”.
O personagem central deste filme – rodado em Roma e em Paulínia – é Rodrigo Santoro, na pele de um executivo bem sucedido que vive na Itália e que viaja para o Brasil com a morte do pai, interpretado por Paulo José, com o brilhantismo de sempre. Cauã Reymond faz o papel do irmão mais novo que vinha perdendo no jogo a fortuna paterna e Débora Falabella é uma meia irmã, cuja existência os dois desconheciam e que se achava internada numa clínica psiquiátrica. O empresário precisa decidir, então, se volta para a sua confortável rotina na Itália – onde administra os negócios do sogro – ou se permanece aqui em seu país para assumir as responsabilidades de arrimo da família onde nasceu.
Tudo isso é narrado com elegância e economia de explicações, porque afinal uma boa história não precisa uma profusão de palavras para ser contada. Esse ascetismo narrativo se manifesta, numa encenação que dá importância equivalente às falas, gestos, olhares e silêncios. Alguns comentários até ligaram essa linha de trabalho com o estilo de Walter Hugo Khoury (1929-2003). Mas acontece que o diretor de “Noite Vazia” queria filmar principalmente a dificuldade de comunicação, enquanto Ristum pretende provocar emoção com um mínimo de recursos. Observe-se por exemplo, a carga de sentimentos que afloram na cena em Rodrigo transmite para a irmã a notícia da morte do pai deles, sem precisar entrar na obviedade melodramática dos detalhes.
Outros críticos reclamaram de não vermos empregados, como motoristas ou copeiras, na mansão onde vive essa abastada família de empresários, talvez sem levar em consideração que, apesar da sua ligação com a Itália, o diretor não quis fazer aqui uma obra neo-realista. Sua proposta é desenvolver um ensaio poético e intimista, a partir do conflito íntimo do protagonista que se encontra indeciso em relação ao local e às pessoas em que colocaria o seu afeto naquele momento: isto é, na esposa e em seus negócios italianos ou nos irmãos e em suas raízes paulistanas. Não que isso explique ou justifique o filme, mas o fato é que se trata, provavelmente, de um dilema que toma de assalto o próprio cineasta, dividido entre a possibilidade de trabalhar na Europa e todas as dificuldades de fazer cinema no Brasil.
O personagem central deste filme – rodado em Roma e em Paulínia – é Rodrigo Santoro, na pele de um executivo bem sucedido que vive na Itália e que viaja para o Brasil com a morte do pai, interpretado por Paulo José, com o brilhantismo de sempre. Cauã Reymond faz o papel do irmão mais novo que vinha perdendo no jogo a fortuna paterna e Débora Falabella é uma meia irmã, cuja existência os dois desconheciam e que se achava internada numa clínica psiquiátrica. O empresário precisa decidir, então, se volta para a sua confortável rotina na Itália – onde administra os negócios do sogro – ou se permanece aqui em seu país para assumir as responsabilidades de arrimo da família onde nasceu.
Tudo isso é narrado com elegância e economia de explicações, porque afinal uma boa história não precisa uma profusão de palavras para ser contada. Esse ascetismo narrativo se manifesta, numa encenação que dá importância equivalente às falas, gestos, olhares e silêncios. Alguns comentários até ligaram essa linha de trabalho com o estilo de Walter Hugo Khoury (1929-2003). Mas acontece que o diretor de “Noite Vazia” queria filmar principalmente a dificuldade de comunicação, enquanto Ristum pretende provocar emoção com um mínimo de recursos. Observe-se por exemplo, a carga de sentimentos que afloram na cena em Rodrigo transmite para a irmã a notícia da morte do pai deles, sem precisar entrar na obviedade melodramática dos detalhes.
Outros críticos reclamaram de não vermos empregados, como motoristas ou copeiras, na mansão onde vive essa abastada família de empresários, talvez sem levar em consideração que, apesar da sua ligação com a Itália, o diretor não quis fazer aqui uma obra neo-realista. Sua proposta é desenvolver um ensaio poético e intimista, a partir do conflito íntimo do protagonista que se encontra indeciso em relação ao local e às pessoas em que colocaria o seu afeto naquele momento: isto é, na esposa e em seus negócios italianos ou nos irmãos e em suas raízes paulistanas. Não que isso explique ou justifique o filme, mas o fato é que se trata, provavelmente, de um dilema que toma de assalto o próprio cineasta, dividido entre a possibilidade de trabalhar na Europa e todas as dificuldades de fazer cinema no Brasil.
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