Se não for o filme comercialmente mais atrativo, “Joaquim” é sem dúvida o título mais curioso desta temporada. Primeiro por ter como base uma narrativa biográfica do alferes Joaquim José da Silva Xavier. Aquele que em seu tempo foi conhecido como o Tiradentes.
No papel do Mártir da Independência, temos Júlio Machado, que se tornou conhecido na TV pelo papel do jagunço Clemente, na novela “O Velho Chico”. Uma figura mais próxima de vilão do que de um herói. Um rosto marcante, mas de olhar feroz e macabro. O cabelo e a barba aparados à faca ampliam a aparência assustadora daquele militar mineiro, líder da Inconfidência. Não se trata de uma biografia detalhada, porque o roteiro se concentra no período em que ele era um policial, ocupado, em perseguir os contrabandistas das minas de ouro.
Alguns professores veteranos de história, talvez se escandalizem com o inesperado tratamento atribuído pelo diretor Marcelo Gomes à aparência e ao comportamento do Tiradentes. Especialmente à maneira brutal com que ele arrancava os dentes de quem o contratava para esse serviço. Mas também à sua ambição e a agressividade, que contrasta com aquela figura semelhante à de cristo, divulgada na maioria dos livros didáticos.
E, também, muito diferente daquele clássico do cinema novo, “Os Inconfidentes”, feito em 1972 por Joaquim Pedro de Andrade, assim como dos elegíacos poemas de Tomas Antonio Gonzaga e Cecilia Meireles. Os monumentos arquitetônicos do barroco, por sua vez, não aparecem nesta modesta reconstituição anterior ao luxo de Vila Rica.
Façamos uma comparação com o atual “Sully – o Herói do Rio Hudson”, em que um piloto salvou centenas de passageiros, pousando o avião nas águas do rio. Ele atribuiu o sucesso daquela proeza ao conjunto de participantes de sua equipe. Por outro lado, no começo do filme Joaquim repete esta frase... “Aqui quem vos fala é um decatipado... Outros homens também conspiraram conta a coroa portuguesa, mas apenas eu perdi a cabeça”
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