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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"O amante da rainha": um caso de amor impossível e uma ideologia inviável


Na segunda metade do século 18, as monarquias da Europa foram afetadas pela difusão das ideias racionais do iluminismo. Os textos de Voltaire, Diderot e Rousseau se espalhavam como vírus por todas as nações e classes sociais daquele tempo. Chegaram até o Brasil, para servir de combustível ideológico na Inconfidência Mineira e outras revoltas contra o colonialismo. No velho continente elas funcionaram como estímulo para o chamado “despotismo esclarecido”, em que vários monarcas reformaram os seus regimes absolutistas aplicando, ou fingindo aplicar, aqueles ideais que já tinham se transformado em lei nos sistemas políticos da Inglaterra e dos Estados Unidos. Diversas tentativas de modernizar o chamado “antigo regime” foram instituídas em Áustria, Prússia, Rússia, Portugal, França e até na Dinamarca. 
Esse é o tema de “O amante da rainha”, dirigido pelo jovem e promissor Nikolaj Arcel, o roteirista de “Os homem que não amavam as mulheres” (2009), tão bem sucedido que foi refilmado em Hollywood dois anos depois com Daniel Craig. Interpretado pelo carismático Mads Mikkelsen – que foi herói em “Depois do casamento” (2006) e vilão em “Cassino Royale” (2006) – o personagem central é um médico alemão e iluminista que ganha a confiança do rei Cristiano VII da Dinamarca e se transforma numa espécie de primeiro ministro reformista, mas acaba se tornando politicamente vulnerável ao se envolver afetivamente com a rainha Caroline Mathilde, de origem inglesa e, portanto, de mentalidade mais aberta a antenada com o seu tempo. 
O papel é da encantadora atriz sueca Alícia Vikander, que veremos em breve no elenco de “Ana Karenina” (2012) de Joe Wright e Tom Stopard. Além de uma tocante história de amor impossível e de uma reconstituição de época científica, em sua precisão e total ausência de charme, o filme revela em detalhes a mecânica das articulações palacianas e a arquitetura do poder em movimento. Numa monarquia de pequeno porte como aquela, as regularidades da política descobertas por Maquiavel ficam mais fáceis de serem observadas. Assim como as leis da física se mostram mais visíveis numa maquete de laboratório. Seria o caso de amor entre a rainha e o médico plebeu tão inviável quanto a utopia do Iluminismo segundo a qual o absolutismo monárquico poderia ser reformado pela força da razão?
O AMANTE DA RAINHA 

En Kongelig Affære 
Dinamarca, 2012, 137 min, 14 anos

estreia 08 02 2013
gênero docudrama/ história
Distribuição Vinny Filmes

Direção Nikolaj Arcel 
Com Mads Mikkelsen, Alicia Vikander, Mikkel Boe Folsgaard 
COTAÇÃO

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Ó T I M O

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