Para ele, o carnaval representa um conjunto de manifestações da cultura popular medieval, além de um princípio para a compreensão de mundo que, ao ser transportado para obras literárias, chama-se “carnavalização da literatura”. De modo simplificado, ela se manifesta pela inversão das formas consagradas. Quando essa atitude é passada para o cinema, o primeiro cineasta a ser lembrado é Federico Fellini.
O protagonista é o jovem Encólpio, que lamenta a perda de seu amante Gitone para o seu amigo Ascilto. A carnavalização felliniana se manifesta na própria forma do filme que se mostrava erótico, extravagante e escandaloso, enquanto a corrente dominante do cinema focalizava as mais sérias questões políticas e existenciais.
“Satyricon de Fellini” se encontra numa caixa junto com outros três títulos do diretor. Numa linha estética semelhante, temos “Roma de Fellini”, de 1972, que pode ser definido como um filme-ensaio sobre a própria memória do cineasta. Por meio de lembranças ficcionadas da sua juventude, e de algumas cenas da cidade no tempo em que o filme foi rodado, Federico reconstrói a Roma da sua imaginação.
Em seu último filme, “A Voz da Lua”, de 1990, o cineasta retorna àquela mesma atmosfera onírica e poética. O filme é armado pelos devaneios de um lunático, interpretado pelo cômico Roberto Benigni que, mais tarde, seria premiado com o Oscar por “A Vida é Bela”.
E finalmente a caixa se completa com o documentário “Ciao Federico”, de 1970, filmado nos bastidores da produção de "Satyricon", com a participação de Giulietta Massina, Capuccine e do próprio Federico. Isso e mais uma hora de entrevistas e depoimentos na coleção da Versátil com o título de “A Arte de Federico Fellini”.
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