A personagem do título não tem nome. Não passa de um
pronome, que é feminino somente porque assim escolheu o protagonista do filme e
proprietário do computador, ao nele instalar um sistema operacional de última
geração, que obedece a comandos de voz. O diretor Spike Jonze (“Onde Vivem os
Monstros”, 2009) situou esta trama em Los Angeles num futuro próximo e
plausível, no qual a tecnologia da informação permitiria que o programa possuísse
não apenas uma voz igual à de Scarlett Johansson (“O grande Truque”, 2006), mas
também a alma de uma mulher.
Em “Ruby Sparks: a namorada perfeita” (2012) o escritor
Paul Dano se apaixonava por uma personagem que ele criou. Em “A Garota Ideal”
(2009) o solteirão Ryan Gosling se casava com uma boneca inflável. Em “A Mulher
Invisível” (2009), somente Selton Mello enxergava a namorada que ele mesmo tinha
inventado. Em “Ela”, porém, Joaquin Phoenix (“O Mestre”, 2012) vive um caso de
amor de verdade, com uma inteligência artificial e chega até a fazer sexo com
ela.
A temática do filme, ou melhor, um dos assuntos que ela aborda é o do crescente
isolamento a que os indivíduos vêm se acostumando. Por sua vez, a inteligência
cinematográfica de Spike Jonze o leva a parodiar os filmes de ficção científica
e aproveitar as oportunidades cômicas que essa melancólica parábola da solidão
humana oferece – como o videogame interferindo nas conversas com o arquétipo
feminino preso no computador.
Como vemos, a sofisticação que marca a comicidade
de Spike Jonze não é para qualquer espectador. Por exemplo, o personagem de
Joaquin Phoenix sente ciúmes da amada, encantada com outro sistema operacional
que assumira a personalidade do filósofo Alan Watts – um dos divulgadores do
budismo no ocidente e que, nos anos de 1960, pregava a “expansão da
consciência” – justamente o oposto do que vem fazendo o namorado.
ELA
Her
EUA, 2013, 126 min, 14 anos
estreia 14 02 2014
gênero comédia/ fantasia
Direção Spike Jonze
Distribuição Sony Pictures
Com Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams
COTAÇÃO
* * * *
Ó T I M O
Um comentário:
Acabei de assistir Ninfomaníaca de Lars von Trier (achei muito bom) e Caçadores de Obras-Primas me deixou muito p***.
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