É difícil acreditar que uma obra tão cinematográfica
quanto “Alabama Monroe” tenha origem numa peça teatral, aliás, escrita por Johan
Heldenbergh, o protagonista deste filme belga. É provável que a maior parte do
mérito dessa proeza se deva ao talento do diretor e roteirista Felix Van
Groeningen, que já arrebatou 10 prêmios internacionais com esta pequena jóia de
cinema – inclusive o Festival de Berlim, onde recebeu o prêmio do público e o Festival
de Tribecca, com os prêmios de melhor atriz para Veerle Baetens e de melhor
roteiro – e ainda concorre ao Oscar de filme estrangeiro. Recentemente, quando
se fala de cinema belga, logo se pensa no estilo racional, quase espartano dos
irmãos Dardenne (“O Garoto da Bicicleta” – 2011).
O trabalho de Van Groeningen,
porém, transpira emoção por todos os fotogramas. A desgraça que destrói a
felicidade de um casal apaixonado acontece logo na primeira cena. Por isso, mesmo
repleto de música, não se encaixa no rótulo de melodrama e nem em qualquer outro.
A narrativa, aliás, avança e recua ao longo do tempo sem qualquer cerimônia, desarmando
o ainda ativo preconceito contra o flashback e obedecendo a uma montagem ditada
pelo fluxo de sentimentos que avançam pelo roteiro, mais ou menos como consegue
fazer um músico experiente ao mudar de tom no meio de uma canção.
A propósito, os
personagens centrais tocam numa banda de bluegrass,
que é uma das modalidades da música country norte-americana, ou seja, uma
variante sofisticada e surpreendentemente complexa. O título se refere a Bill
Monroe (1911 -1996) o compositor mais conhecido dessa vertente. A história parecerá
muito pequena e simples, se tomada isoladamente, mas resulta num inquietante
poema sobre o amor e a morte, alegre e dolorido em igual medida. Num registro
pessimista, a cantora interpretada por Veerle Baetens julga que “a vida se
ressente de quem se apega demais a ela”, porém, de forma sutil, as últimas
cenas podem ter uma leitura, digamos espiritualista, insuficiente porém, para consolar
quem se apaixonou pelos personagens.
ALABAMA MONROE
The Broken Circle Breakdown
estreia 17 01 2014
gênero drama/ música
Bélgica, 2012, 111 min, 14 anos
Distribuição Imovision
Direção Felix Van Groeningen
Com Veerle Baetens, Johan Heldenbergh, Nell Cattrysse
COTAÇÃO
* * * *
Ó T I M O
Um comentário:
Típico filme irritante. Escolha péssima de gênero musical, puxa-saquismo com público, imprensa e indústria cinematográfica estadunidense, e colocar uma criança com câncer logo de cara para ganhar a simpatia do público para com o casal que "vive a vida".
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