Mais uma vez, estou em Brasília para acompanhar o Festival do Cinema Brasileiro. Uma
das marcas do nosso cinema sempre foi a concentração das atividades
criativas e produtivas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Mas isso
agora começa a querer mudar. Tanto é assim que a 46ª edição do festival tem como característica justamente a diversidade. Acham-se em
competição filmes de diversas regiões do País, abordando temas bastante
variados, que provocam múltiplas reflexões sobre a vida brasileira. Aqui
cineastas experientes disputam de igual para igual com jovens realizadores se
iniciando na direção. Verifica-se também uma grande variedade de gêneros: são documentários,
dramas, comédias, animações que comprovam a crescente vitalidade da produção
cinematográfica no Brasil.
Isso tem a ver com esta cidade que, de fato, é o centro
da nação. Aqui você vai a um restaurante, por exemplo, e encontra receitas e
ingredientes que vieram de todos os estados. O prato servido ontem na cerimônia
de abertura foi oferecido pela cineasta meio carioca meio brasiliense Betse de
Paula (foto acima) – a vitoriosa do Festival de Pernambuco pela excelente comédia “Vendo ou
Alugo”. Fora de competição, ela mostrou o seu primeiro documentário que é "Revelando
Sebastião Salgado", sobre esse fotógrafo que é um dos mais celebrados do
país. Para obter um resultado eficiente e elegante, porém, a diretora teve que fazer
milagre, porque o Salgado se considera tão perfeito, que parecia querer dirigir
o filme, impondo a ele um discurso todo na primeira pessoa.
Antes da exibição do filme, exibiu-se a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, com um magnífico conserto de Eric Korngold, que remete ao Oscar por ele conquistado com a trilha do filme "Robin Hood" (1938). O protagonista dessa peça regida por Claudio Cohen, porém foi o virtuose austríaco Benjamin Schmidm, que arrasou com seu violino Stradvarius. A mostra competitiva começa hoje. Que o juri esteja à altura dos filmes selecionados, porque certamente alguns de seus representantes acham-se acima de qualquer suspeita, como os cineastas Renato Barbieri, Cesar Cabral, Erika Bauer e Anna Johann, além dos críticos Marcelo Lyra e Carlos Alberto Mattos.
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