Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

quinta-feira, 11 de julho de 2013

“O cavaleiro Solitário”: cada vez mais jovem, um herói completa 80 anos de idade.

“O cavaleiro Solitário” se passa no Texas em 1869, quando se iniciou a construção da Primeira Ferrovia Transcontinental e tem como cenário a construção dessa histórica estrada de ferro que ligava o oeste ao leste já urbanizado. Um dos primeiros filmes rodados nos Estados Unidos, aliás, foi um curta-metragem de 11 minutos chamado “O Grande Roubo do Trem” (1904), mas, neste filme dirigido por Gore Verbinsky, temos provavelmente os mais movimentados, cômicos e surpreendentes assaltos a trem já filmados desde 1904.  
Ele se inicia em São Francisco no ano de 1933, quando o cartão postal da cidade que é a ponte Golden Gate ainda se achava em construção. Naquele ano, o rádio começava a transmitir o seriado The Lone Ranger, com as aventuras de um justiceiro mascarado que tinha como companheiro o índio Tonto e um cavalo branco chamado Silver e que, no Brasil, ganhou o nome de Zorro. Pouco tempo depois, ele passou a aparecer também nos quadrinhos, no cinema e, de lá, na televisão. 
Neste filme, tudo começa com um garoto vestido como o herói e que, num museu de cera, conversa com a estátua de um ancião comanche que não é outro senão Johnny Depp, justamente no papel de Tonto. Esse diálogo é o fio condutor da narrativa e parece assumir um sentido simbólico, ou seja, a imagem do menino fantasiado de caubói em contato com um velho índio pode representar a juventude americana, para quem os velhos mitos se renovam por meio do cinema. 
Essa passagem é apenas um exemplo da amplitude de ilações, ironias e significados múltiplos que “O cavaleiro Solitário” injeta em cada cena, dando-se ainda ao luxo de conceber momentos de movimentação feérica, por meio de ângulos tomados muitas vezes em escala monumental. Outra firula é criar situações de intimidade, de preferência em closes, encenadas num cenário freneticamente móvel, lembrado as comédias de Richard Lester (“Help!” – 1965). Por sua vez, a trilha sonora raramente humorada de Hans Zimmer enlouquece um pouco e se esbalda em caricaturas orquestrais. 
Sinal de inteligência ou prodigalidade, o roteiro nos oferece uma overdose de citações plásticas e musicais dos clássicos do faroeste e filmes de animação, além de tiradas espirituosas de todo o tipo – como as alusões a Dom Quixote e ao livro de cabeceira do herói que é “Dois Tratados sobre o Governo”, de John Locke. Acima de tudo, porém, Gore Verbinsky pega embalo na série “Piratas do Caribe” que ele fizera com Johnny Depp, carrega na comicidade e se lança numa paródia das paródias que ele mesmo já dirigira. Como o seu desenho animado “Rango” (Oscar de 2012) – ele mesmo uma referência às desgraças do “Coiote”, que Chuck Jones desenhava desde 1949. 
O CAVALEIRO SOLITÁRIO 

The Lone Ranger

EUA, 2013, 149 min, 14 anos
estreia 12 07 2013
faroeste/ aventura/ comédia
Distribuição Disney
Direção Gore Verbinski
Com Johnny Depp, Armie Hammer, Helena Bohan Carter
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

Nenhum comentário: