O detalhe é que o ex-artista continua se vestindo do mesmo
modo que no tempo em que atuava, sempre de preto, com o rosto pintado de branco
e a boca de baton vermelho. Uma figura um tanto tristonha e patética, lembrando
a máscara de um ator de teatro kabuki. O personagem se movimenta meio que
cambaleando e só fala em voz baixa e contida, quase num sussurro. Parece deprimido,
mas, segundo a esposa interpretada por Frances Mc Dormand, está apenas
entediado. Até que o pai morre e ele vai para o enterro em Nova York, onde fica
sabendo que o ancião passara a vida perseguindo um dos derradeiros criminosos
nazistas ainda vivo e que o humilhara em Auschwitz. A narrativa se complica
quando o cantor decide continuar aquela missão e parte em busca de vingança.
O texto do próprio Sorrentino se mostra pretensamente
sofisticado ao semear o caminho do protagonista com episódios insólitos, como o
encontro com o inventor da mala com rodinhas – acessório misterioso que, aliás,
o roqueiro usa o tempo todo. A movimentada trilha sonora de David Byrne, por
outro lado, compensa o clima depressivo que tende a predominar. Destoando de
seus trabalhos anteriores e talvez por imposição do próprio personagem, a
atuação de Sean Penn se mostra aparentemente monocromática, deixando para os
olhares do ator todas as nuances necessárias ao entendimento das situações. Outro
recurso que auxilia a sua composição é o inesperado humor de alguns diálogos.
Por exemplo, percebendo que o marido está viajando pelo interior da América, a
esposa pergunta ao telefone se ele anda em busca de si mesmo. Ao que ele
responde que não: isso seria se ele estivesse... na Índia.
AQUI É O MEU LUGAR
This Must Be the Place
estreia 27 07 2012
gênero comédia / social / drama
França/Itália/Irlanda, 2011, 120 min, 12 anos
Distribuição Imagem
Direção Paolo Sorrentino
Com Sean Penn e Frances McDormand
COTAÇÃO
* * *
B O M
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