Gosling trabalha numa linha totalmente minimalista, só movendo os músculos da face quando entra em combate corporal com alguém. O filme foi considerado como uma atualização do clássico “Taxi Driver”, de Martin Scorcese, em que o taxista Robert De Niro resolve interferir na mísera existência de uma prostituta adolescente interpretada por Jodie Foster, assim como o nosso motorista procura dar uma solução para a encrenca em que se encontra a personagem de Carey Mulligan − da mesma forma como um cavaleiro andante faria com a donzela atacada pelo dragão, como bem lembrou um colega.
Mas para os cinéfilos, o principal encanto deste filme dirigido pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn, que construiu fama de cineasta alternativo por seus filmes sempre violentos, é o fato de captar com câmaras digitais de última geração um universo equivalente ao que diretores dos anos 1940 faziam em sombrio branco e preto, com histórias e personagens do mesmo tipo. Ou seja, Drive é quase um film noir, sem o claro-escuro das obras de Fritz Lang, John Huston e Orson Welles, filmado em alta-definição. Outro atrativo é a montagem que brinca com o tempo, fazendo-o alongar-se ou se condensar conforme o clima dominante. Na sequencia inicial, por exemplo, o protagonista anuncia que a fuga iria levar cinco minutos e é exatamente isso que ela dura no filme. Mais adiante, na cena da briga dentro do elevador, desde já destinada a se tornar antológica também pela brutalidade, o tempo é esticado para dar lugar ao único gesto de carinho entre o herói e a mocinha.
Drive
Drive
EUA, 2011, 100 min
gênero drama / ação / policial
Distribuição Imagem
Direção Nicolas Winding Refn
Com Ryan Gosling, Carey Muligan
COTAÇÃO
* * *
B O M
2 comentários:
Eu vi este filme por quinze minutos. A estória do solitário vazio dando uma de garanhão no volante não me seduziu. Pareceu-me bem a mentalidade dos EUA nos anos setenta.
Eu já achei um dos filmes mais fascinantes desse início de década.
http://cinelupinha.blogspot.com/
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