Falamos de “Jia Zhangke, um Homem de Fenyang”. Trata-se de um documentário dirigido por Walter Salles. Num artigo recente para acompanhar o seu lançamento, ele nos confidencia que a personagem de Fernanda Montenegro em “Central do Brasil” talvez fosse uma referência inconsciente à figura de sua mãe, que lá trabalhou aos 18 anos. O detalhe eletrizante é que ele só ficou sabendo disso, dez anos após a sua morte.
O tema do filme é a biografia e a carreira do cineasta chinês mais significativo
do momento: o autor de “Em Busca da Vida” e “Um toque de pecado”, sobre
manifestações de violência do povo chinês. O roteiro se resume a uma longa
entrevista que acontece enquanto Zhangke revisita os lugares da sua infância e
algumas locações de seus filmes, como o escandaloso e iconoclasta “Um toque de
pecado”. Ao contrário de uma obra analítica e racional, porém, este
documentário alcança momentos de pura emoção.
No meio da filmagem, o diretor chinês recebeu a notícia de que o atrevido e surpreendente “Um toque de pecado” que aliás, já foi exibido no Brasil, acabara de ser proibido pelo governo chinês. A entrevista, a partir daí, ganhou uma tonalidade absolutamente dramática, quase trágica. Em seu artigo, Salles escreve o seguinte: “Foi assim que essa conversa, tão próxima do cinema direto quanto inesperada, fez parte do nosso documentário”.
Um comentário:
Acabei de assistir Um toque de pecado. Não me espanta ele ter sido proibido na China, mas o fato do diretor ter conseguido realizá-lo por lá, rs...
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