Lançado no dia primeiro de maio, em homenagem àquele
que criou a legislação trabalhista no Brasil, o filme Getúlio – dirigido por João Jardim, até aqui mais conhecido como um
documentarista de talento (Janela da Alma
– 2001). O enredo focaliza as três semanas que separam o atentado a Carlos
Lacerda e a madrugada em que ele se suicidou. Mais do que um drama histórico, porém,
o filme adquire a estatura de uma tragédia. E uma tragédia de suspense. Todos nós
sabemos de que forma ele morreu, mas quando finalmente soa o tiro do suicídio, ocorre
um alívio com o fim da tensão que vinha se acumulando desde o inicio, até
atingir um nível insuportável.
Ou seja, é perfeita a identificação entre o
público e o personagem em desespero do presidente, interpretado com o máximo de
empatia e verdade por Tony Ramos. Em seus momentos derradeiros, há um eco de
Julio Cesar, como se ele exclamasse um “até tu Brutus” coletivo, enquanto que vai
descobrindo as traições que parentes, amigos e até o seu guarda costas pessoal vinham
praticando. O restante do numeroso elenco também não falha – escolhido provavelmente
por Carla Camurati, a produtora executiva. A par do tipo físico adequado, quase
todos os intérpretes escolhidos funcionam adequadamente diante das lentes
cirúrgicas de Walter Carvalho. Destacam-se Alexandre Borges (Carlos Lacerda) e
Drica Moraes (Alzira Vargas). O bom gosto e o bom humor de Carla Camurati, aliás,
devem ter se associado para determinar escolhas preciosas, como o português Fernando
Luís, para Benjamim Vargas, Marcelo Medici para Lutero Vargas e Clarisse
Abujamra para Ivete Vargas.
Mais que uma caracterização precisa, na aparência e
nos diálogos de cada figura histórica, o roteiro do diretor e de George Moura (Gonzaga de pai pra filho - 2012) produz emoção de
verdade – desde indignação, pelo mar de lama que se revela, até a angústia
amplificada pela soturna arquitetura do Palácio do Catete, que fica parecendo
um mausoléu sob a luz de Walter Carvalho. No entanto, o que nos atinge mais de
perto, a garantir a universalidade da narrativa, são as delicadas manifestações
de carinho entre o caudilho e a filha Alzira – além das inevitáveis comparações
com o mundo contemporâneo. Mesmo longe do planalto central e de costas para a
praia o mar de lama já se achava agitado.
GETÚLIO
Direção João Jardim
estreia 01 05 2014
Brasil 2013 – 100 min. – 12 anos
gênero docudrama
Distribuição Copacabana filmes
Direção João Jardim
estreia 01 05 2014
Brasil 2013 – 100 min. – 12 anos
gênero docudrama
Distribuição Copacabana filmes
com Tony Ramos, Drica Moraes, Alexandre Borges
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO
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