Na próxima segunda feira será lançado um livro sobre o projeto "Vídeo nas Aldeias", que comemora 25 anos de idade. Os próprios indígenas aprenderam a usar o vídeo como forma de expressão e registraram 37 povos nativos do Brasil, em 127 aldeias e já tiveram seus filmes premiados aqui e no exterior. Como “Bicicletas de Nhanderú”, imersão no cotidiano dos Mbaya-Guarani (RS), poderá ser visto no lançamento, no Itaú Cultural, em sessão seguida por debate com realizadores indígenas. É incrível como a tecnologia pode favorecer a preservação da memória dessas culturas tão antigas. Muito mais do que o cinema, que dependia de um tempo para a revelação, a possibilidade dos cineastas índios verificarem instantaneamente o que foi registrado fez toda a diferença, no processo de aprendizado.
Um bom exemplo do poder dessa ferramenta cultural foi o fato dos Nhambiquara (MT) resolverem realizar para ser filmada a cerimônia de furação de nariz e lábios, uma prática abandonada há mais de 20 anos. Ao logo do projeto foram produzidas 7 mil horas de vídeo e a série de DVDs “Cineastas Indígenas”, com 20 filmes distribuídos para três mil escolas brasileiras. A experiência do "Vídeo nas Aldeias" corresponde a um modelo indigenista que busca relações interculturais, de aproximação e convivência com os índios, diferente das políticas paternalistas adotadas no tempo da ditadura. Outro resultado é a criação de uma imagem mais fidedigna da realidade contemporânea dos povos indígenas brasileiros – o que é vital para a ciência e para a cidadania.
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